Um punhado de coco, açúcar, ovo e manteiga basicamente, já se transformam em cocada, o mais brasileiro dos doces segundo o historiador Gilberto Freyre. Mas a fruta não é nossa não. Ela chegou por aqui em 1553 trazida pelos portugueses e fincou raízes profundas no Nordeste. Por isso, fica difícil imaginar outra origem para o coco que não seja brasileira. No entanto, o coqueiro se desenvolve bem em outras regiões distantes do mar. Só não pode faltar água, muito sol e temperatura que não pode ser inferior a 22ºC.
A cocada também não é invenção nacional. Ela foi criada pelos escravos já acostumados ao uso do fruto e de utensílios, como uma espécie de ralador, em Moçambique, na África. Ao longo dos séculos, ela foi tomando diferentes versões, como a cocada branca, a de coco queimado e a de forno.
O difícil é achar quem faça este último tipo do doce melhor que a Nega (Cremilda Bonfim é seu nome de batismo), cozinheira de mão cheia e pratos nada modestos, em Trancoso, sul da Bahia, onde o Picadinho esteve semana passada. Ela já trabalhou muito tempo em pousadas e nelas aprendeu boa parte do que sabe. Mas a cocada, essa ninguém precisou lhe ensinar não. Segundo ela, toda menina já nasce sabendo. Basta subir no coqueiro, apanhar a fruta e fazer a sobremesa que conquista o mais amargo dos paladares. Nega compartilha com os leitores do blog sua famosa receita e fornece a quantidade de coco necessária, sem precisar que ninguém saia à caça de um coqueiro para dar início a toda esta história.
Cocada de forno da Nega
Ingredientes
2 cocos grandes (750g)
500 g de açúcar
3 gemas
2 colheres (sopa) rasas de manteiga
50 ml de água
Como fazer
Com muito cuidado, retire as cascas dos cocos com uma faca. Corte a fruta em pedaços, passe-os na água e rale. Coloque o coco ralado em uma tigela com os demais ingredientes e amasse com as mãos até que a massa fique bem molhada. Acerte bem a massa em um refratário e leve para assar em forno pré-aquecido, a 180ºC, por 30 minutos, ou até que esteja dourada. Sirva quente ou fria. Se preferir uma cocada menos doce (a da receita é dulcíssima!), reduza a quantidade de açúcar para 250 ou 300g.
(Fotos: Érica Takano/Arq. pessoal)
