Mercados tradicionais apontam queda no consumo, mas em países emergentes, o suco de laranja está em alta
Consumidores dos tradicionais mercados consumidores de suco de laranja brasileiro estão deixando de tomar a bebida. Um estudo encomendado pela CitrusBR, com dados da Tetrapack e Euromonitor copilados pela consultoria Markestrat, aponta que a queda chega a 5,3% nos últimos sete anos. A queda, segundo o estudo, se deve à concorrência com bebidas como energéticos e isotônicos.
De acordo com a pesquisa, que observou os 40 principais países compradores da bebida, a redução é equivalente a 127 mil toneladas. Esse número é maior do que o total consumido em 2010 pelo Canadá. Somente nos Estados Unidos, principal comprador de suco de laranja, o recuo de 2009 para 2010 foi de 5% (42 mil toneladas a menos). Este volume equivale ao total de suco industrializado consumido no Brasil em 2010.
Em mercados importantes como a Alemanha e o Reino Unido, nos últimos sete anos, a queda foi de 22,8% e 2,5% respectivamente. As perdas são de US$ 254 milhões, e afetam toda a cadeia produtiva. Segundo o presidente da CitrusBR, Cristian Lohabauer, o cenário é desafiador e exigirá uma renovação da indústria. “É um momento para o setor se reinventar. Precisamos entender as mudanças no mercado para implantar ações e continuarmos competitivos”, explica.
O estudo demonstra que apesar da queda acentuada nos principais mercados, houve crescimento na demanda em países emergentes como Brasil, Rússia, Índia e China, que formam o grupo BRICs, e também, no México. Nesses mercados houve aumento de 41% (78 mil toneladas de suco de laranja). Mas o crescimento não compensa as perdas, já que nos outros 35 principais países a queda de 9,2% representa um recuo de 204 mil toneladas. Isso se dá, principalmente, porque os países com menor renda consomem o suco de laranja de forma diluída, como néctares e principalmente refrescos. “Os países emergentes estão elevando o consumo, mas é um movimento lento que vai levar um tempo para se consolidar, exige altos investimentose mudanças nos hábitos de consumo”, comenta Lohabauer.
No caso da China, houve um aumento de 99% no consumo, o equivalente a 44 mil toneladas. Embora os números sejam expressivos, estão longe de compensar a queda em outros mercados. Somente na Alemanha, foram 58 mil toneladas a menos no mesmo período. Em 2010, o consumo total chinês representou aproximadamente 10% do consumo americano no mesmo ano.
Outros países que demonstram boas taxas de crescimento são Argentina e Chile. O consumo de suco na Argentina saltou de 4 mil toneladas em 2003, para 17 mil toneladas em 2010, crescimento de 358%. O Chile registrou crescimento vigoroso de 2003 a 2010, indo de 6 mil toneladas para 11 mil. “A proximidade do Brasil, o Mercosul e possíveis facilidades de transporte poderiam trazer vantagens competitivas no caso de investimentos para o desenvolvimento desses mercados”, ressalta Lohbauer.
Onde mais caiu
Países da Europa, com alto consumo de suco de laranja, mostram uma queda importante
De 2003 a 2010
Estados Unidos: -19% = 194 mil toneladas
Alemanha: -22,8% = 58 mil toneladas
Reino Unido: -2,5% = 3 mil toneladas
Japão: -18% = 23 mil toneladas
Onde cresceu
Países em desenvolvimento com baixo consumo apresentam bom desempenho
De 2003 a 2010
Rússia: 63,8% = 84 mil toneladas
China: 99% = 88 mil toneladas
Marrocos: 743% = 5 mil tonelados
Argentina: 358% = 13 mil toneladas
Indonésia: 212,8% = 6 mil toneladas
Romênia : 162,7%= 4 mi toneladas
Resultado: Somando todas as perdas com todos os ganhos, o mundo bebe 127 mil toneladas a menos de suco de laranja concentrado-equivalente, o que equivale ao consumo total da França durante um ano.
Por Globo Rural On-line