domingo, 4 de outubro de 2009

Eu grávida? Vixe Maria tá amarrado!


Esses dias, andando de ônibus, comecei a ouvir a conversa de alguns jovens.


Concentrei-me em uma frase de uma garota que estava relatando alguns sintomas de gravidez e disse: “Deus me livre de ficar grávida, vira essa boca pra lá, não posso de jeito nenhum. Vixe Maria tá amarrado!”
Eu fico intrigado com essas coisas, pois apesar de tantas informações não conseguimos conscientizar os jovens e adolescentes a se prevenirem nas relações sexuais, não só pelo risco da gravidez fora de hora como também pelo perigo de doenças transmitidas pelo sexo. Quando o assunto é sexo, a chapa esquenta, pois nem a moralidade exacerbada dos católicos romanos - Vixe Maria” ­- e nem o legalismo mortal dos protestantes -“Tá Amarrado”- conseguiram fazer com que os jovens agissem de forma consciente na hora de ter suas relações sexuais.
Infelizmente, as instituições religiosas adotaram uma educação sexual repressora, e durante um bom tempo bateram em uma mesma tecla: “Sexo só depois do casamento”. Sendo assim, esqueceram de ensinar como não transar antes do casamento em um contexto que prioriza o sexo fácil e superficial. E tem mais, não ensinaram como fazer sexo, como usar uma camisinha, como se prevenir de situações que confrontam os nossos valores e conceitos, diante desses temas optaram pelo silêncio.
A cultura brasileira está alicerçada sobre a educação cristã, seja pelo viés católico ou pelo viés protestante. Todavia, o que percebemos é uma carroça em alta velocidade sem nenhum condutor indo em direção a um grande abismo e levando consigo a juventude do nosso país.
Pensando em tudo isso, naquele dia no ônibus, eu me perguntei: Que cristianismo que foi ensinado pelos nossos pais que não conseguiu orientar e conscientizar a nossa geração?
Eu sempre fico do lado dos jovens, pois sou jovem e sei como é a pressão sobre nossas cabeças e sei como é ruim não ter orientações, ou não ter com quem conversar. É muito fácil acusar e não perceber o esforço de muitos para não transarem antes do casamento. É fácil discipliná-los sem compartilhar da angústia das meninas que não se previnem e vivem na dúvida de estar ou não grávida. É mais fácil taxar uma lei para tentar controlar esse caos, mas é difícil entrar no meio da galera e ensinar passo a passo, acompanhar, discipular e amar.
Por falta de uma visão mais humana e contextualizada, as instituições religiosas no Brasil continuam com uma teologia obsoleta e equivocada, deixando a juventude ao léu, pois com toda certeza é mais fácil deixá-los dizer “Vixe Maria, Tá Amarrado!” do que revisar todo sistema educacional religioso. Mas infelizmente, o caminho mais fácil nem sempre é o melhor. Como dizia o mestre: “A porta e o caminho é largo, mas seu fim é a perdição.”
Autor: Calebe Ribeiro
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