Em reunião marcada por críticas à falta de diálogo do governo Dilma, a Executiva do PT montou ontem uma operação para abafar o coro do "Volta Lula" e desviar o foco dos protestos nas ruas.
Depois de um dia de vaivém na base aliada, a cúpula petista defendeu, em público, a convocação de um "plebiscito já" para a reforma política, mesmo sabendo que não há qualquer chance de as mudanças entrarem em vigor na eleição de 2014. Além disso, o PT ressuscitou a proposta da Assembleia Constituinte exclusiva para a reforma política.
O racha, porém, ficou evidente. "O Tribunal Superior Eleitoral, ao fixar um prazo de 70 dias para a realização do plebiscito, inviabilizou que as alterações no sistema possam valer para 2014", afirmou o deputado Cândido Vaccarezza (SP). Para ele, o PT também não pode aceitar a sugestão de fim do voto secreto no Parlamento, tema encaminhado ao Congresso pela presidente Dilma Rousseff.
"Só ditadura tem voto aberto. Os Estados Unidos, com 200 anos de democracia, têm voto secreto. Por que o Brasil vai querer o aberto? É preciso que haja bom senso", protestou Vaccarezza.
As divergências dominaram a reunião. Na hora do almoço, a ministra das Relações Institucionais, Ideli Salvatti, foi ao encontro pedir aos petistas que mantivessem a unidade. Disse que o governo enfrentava uma crise, uma situação econômica difícil e conclamou o PT a fazer uma forte manifestação de apoio a Dilma, deixando de lado as disputas com o PMDB.
"Quem fala na volta do Lula em 2014 está prestando um desserviço. Não podemos antecipar o fim do nosso governo", afirmou o deputado Paulo Teixeira (PT-SP), numa referência à opinião do colega Devanir Ribeiro (PT-SP). Em entrevista ao Estado, Devanir disse que "já está na hora de Lula voltar". "Esse assunto não ganha ressonância ente nós", rebateu Rui Falcão. "Lula não dá guarida a isso". O líder do PT no Senado, Wellington Dias (PI), disse que o partido decidiu vetar o "Volta Lula" por uma questão de sobrevivência. "Somos 100% pela reeleição de Dilma. Seria muita covardia puxar esse "Volta Lula" nessa crise", insistiu Dias.
Do Estadão