terça-feira, 11 de junho de 2013

Trabalhar demais engorda




Não esqueço a imagem que certa vez vi na capa de uma revista.
Uma moça que conheci nos tempos de estudante aparecia na foto da capa segurando um troféu numa cerimônia de premiação. Ela carregava nas mãos o símbolo de uma conquista profissional importante, a confirmação de que ela era muito boa no que fazia.
Mas não pude deixar de notar o quanto ela estava gorda. Bem mais do que quando ela estava só aprendendo. Pensei: será que vale a pena jogar todas as energias na carreira e nenhuma na saúde?
A história parece ser bastante comum nos dias de hoje.
O cidadão um dia percebe que passou os últimos meses, ou os últimos anos, com a cabeça tão enfiada nas exigências do trabalho, tão atribulado com uma rotina ensandecida de obrigações e urgências, que esqueceu que tinha também um corpo para cuidar e acabou perdendo o controle da balança.
Há quem acumule riquezas na mesma medida em que acumula gordura nas artérias, até enfartar aos 50 ou até aos 40 anos e só aí se dar conta de que deveria ter se cuidado mais. Vale a pena?
Na semana passada, ouvi histórias de duas meninas bonitas que começaram a carreira abrindo mão do autocuidado, mas logo resolveram reverter o processo. Pelo que observo, são profissionais apaixonadas pelo que fazem, dedicadíssimas e jovens.
Têm aquela vontade enorme de fazer acontecer, de crescer na carreira e chegar “lá”, sendo esse “lá” provavelmente algum lugar imaginado de prestígio e conforto financeiro que elas creem ser o provável destino de quem trabalha bem e bastante.
E, por enquanto, parece que estão acertando. Já conquistaram elogios, bolsas de estudos, prêmios. E, felizmente em tempo, perceberam que essa jornada será melhor para elas se não descuidarem da máquina.

Lúcia* engordou dez quilos no primeiro ano de estágio. Seus dias eram uma loucura. Saía cedo de casa, ia de ônibus até a faculdade, um tanto longe de onde mora.
À tarde ia de ônibus para o estágio, onde almoçava, e à noite, depois da cansativa viagem de volta para casa, tinha de dar conta dos trabalhos do curso.
Não tinha tempo para comer direito, nem descansava muito.
Era bastante ansiosa. Frequentemente atacava doces e comidas gordurosas em quantidades inadequadas. As roupas antigas não serviam mais.
 
 - Francine Lima
Repórter de ÉPOCA