terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

A EDUCAÇÃO É O PATRIMONIO DE UM POVO.


É comum ouvirmos dizer “educação é importante”. O termo é quase um consenso social, embora não ultrapasse os limites da consciência da expressão. Quando decidimos que algo é importante para nós não medimos esforços para preservar, manter, cuidar e viver para que aquele “algo” preencha, de fato e de direito, o espaço destinado em nossas vidas para coisas que valham a pena investir, se dedicar.

Ora, se a educação é importante porque os governantes, os educadores, os alunos, a sociedade não dá a ela a atenção devida às “coisas importantes”. É sabido o potencial transformador de um povo instruído; está aí países como China, Cingapura, Finlândia e tantos outros que reverteram um quadro de desigualdade social e de subdesenvolvimento para uma situação de destaque no cenário mundial, através de investimento maciço em educação.

É sabido também, que o povo mais escolarizado questiona mais, exige mudanças, compreende qual o seu papel no contexto social e torna-se menos vulnerável às vicissitudes políticas de governantes que não pensam no bem comum.

Educação é um investimento de longo prazo, requer empenho, algum esforço e, em muitos casos, recursos financeiros. Embora também seja consensual que a escola deva ser pública e de qualidade; e que nossa constituição prevê que é um direito de todos e um dever do Estado, na prática a realidade mostra-se diferente. As escolas privadas suprem a lacuna deixada por sucessivos governos que não destacaram como “importante” o investimento na formação do povo.

O fato é que as Instituições de Ensino particulares vêem contribuindo há anos com a formação de uma elite pensante e que produz e gera riqueza. Recentemente governos mais voltados para o povo criaram programas de maior acesso à escola e tentam recuperar o tempo perdido quando não fez e dever de casa em relação a investimentos na educação.

Só no ensino superior programas como o PROUNI e o FIES propiciaram, nos últimos anos, o ingresso de milhões de jovens de classe média e baixa à Universidade. Segundos dados do próprio MEC, o país tem hoje 2.314 instituições de ensino superior, sendo 89,4% privadas e 10,6% públicas. Isso significa que a grande maioria dos jovens que saem das Faculdades e ingressam no mercado de trabalho, são formados por uma Instituição de Ensino Superior privada. O Brasil tem hoje 14,4% de jovens entre 18 e 24 anos matriculados em um curso de nível superior. O que não é muito, comparado a países como o México (30%) e o Chile (40%); sem mencionar a União Européia, o número salta para 70%.

Pesquisas apontam que as cidades que se desenvolveram na oferta de cursos de toda natureza, atraem profissionais mais qualificados e investimento em novas empresas, além de apresentarem alto índice de empreendedorismo, com a criação de novos negócios cujas idéias nascem dos bancos escolares. Casos bem próximos são as cidades de Campina Grande (PB) e Caruaru (PE) que atraíram investimento no setor de educação superior privada e em diversas áreas de negócios.

Uma instituição que estimula o pensamento crítico, desenvolve a capacitação profissional e forma novos talentos para o mercado de trabalho (além de cidadãos), deve ser encarada como um patrimônio da cidade, um bem em favor do desenvolvimento local e regional; um ambiente de discussão e de busca de soluções para os desafios que se apresentam.

Este pensamento é que nos move e que nos da força para continuarmos no firme propósito de ter a educação como elemento importante de nossas vidas, sabedores que é este o caminho para transformarmos o mundo.

Por Carlos Malafaia – professor universitário.