
O ministro do Esporte, Orlando Silva, se defendeu na segunda-feira das acusações do policial militar do Distrito Federal João Dias Ferreira, segundo quem ele seria o principal beneficiado de um esquema de desvio de recursos públicos do programa Segundo Tempo, do Ministério do Esporte. Como conta ÉPOCA, Silva afirmou que vai processar João Dias e se mostrou indignado com o fato de um homem que ele chama de “bandido” (Ferreira foi preso pela Polícia Civil em 2010) ter credibilidade para fazer denúncias. Silva também abriu seus sigilos para a Polícia Federal investigar as denúncias. As palavras e ações do ministro, entretanto, não fizeram João Dias recuar.
Segundo o Estadão, o PM afirma que fez um acordo com Orlando Silva, por meio do qual o ministério “limparia” o nome das ONGs que João Dias comanda em troca do silêncio do PM sobre o esquema de corrupção.
O policial contou que, além do ministro, membros da cúpula do ministério estavam presentes nesta reunião. “O Orlando disse para eu ficar tranquilo, que tudo seria resolvido, que não faria escândalo. Eu disse que se isso não fosse feito eu tomaria todas as providências e denunciaria o esquema”, afirmou Ferreira. “E eu disse na reunião que descobri todas as manobras, a ligação dos fornecedores do Programa Segundo Tempo com o PC do B.” Segundo ele, as entidades tinham que dar 20% dos recursos para o PC do B, partido de Orlando Silva.
Também na segunda-feira, em visita à África, a presidente Dilma Rousseff demonstrou confiança em Orlando Silva e disse que “presume a inocência” do ministro do Esporte, mas segundo o jornal O Globo, o ministro precisará ser convincente para permanecer no cargo.
Nesta segunda-feira, Orlando Silva se reuniu no Planalto com os ministros Gilberto Carvalho (Secretaria Geral da Presidência) e Gleisi Hoffmann (Casa Civil). Foi orientando a ser convincente nos esclarecimentos: “Mais do que se defender, Orlando precisa ser convincente. Não haverá uma segunda chance”, resumiu um auxiliar da presidente. Avaliação no governo identificou que dois pontos podem enfraquecer ainda mais a posição do ministro: a pressão externa de entidades, como a Fifa e o Comitê Olímpico Internacional (COI), e a possibilidade de surgirem novas denúncias envolvendo o programa Segundo Tempo. O Planalto teme ainda o poder de fogo do soldado da PM João Dias, o denunciante.
Foto: Valter Campanato / ABr
Por José Antônio Lima