sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Safra de cana não conseguiu aumentar o consumo de etanol, diz especialista


Para presidente de distribuidora, o alto preço do biocombustível ainda é obstáculo para enfrentar a gasolina
A atual safra de cana-de-açúcar não foi forte o suficiente para reverter o fluxo de consumo do etanol

O presidente da BR Distribuidora, José Lima de Andrade Neto, afirmou nesta quinta-feira (18/08) que a atual safra de cana-de-açúcar não foi forte o suficiente para reverter o fluxo de consumo de etanol, sentido desde o período da entressafra, quando os preços do biocombustível atingiram preços históricos. Segundo Lima, em julho de 2010, o consumo de gasolina era de 63% e, no mesmo período deste ano, era de 75%.

"Temos um mercado aquecido que já vem demandando mais combustíveis este ano e a gasolina acaba sofrendo mais pressão por conta da falta de etanol", comentou Lima, destacando que a safra deste ano teve uma redução na produção, o que acabou por deixar os preços 30% superiores ao do mesmo período no ano passado.

O consumo de gasolina, verificado pela BR Distribuidora no primeiro semestre, foi 17% superior ao mesmo período em 2010. Em julho, este crescimento foi ainda maior por conta das férias escolares. A tendência, acredita ele, é de que estes níveis continuem altos por mais um período.

"É preciso lembrar que qualquer medida para aumentar a produção de etanol no país passa pela necessidade de plantar mais cana e isso é uma solução que demanda dois ou três anos", disse. O presidente da BR ainda destacou que, relativamente, o preço da gasolina está mais barato do que o álcool na fonte. Ele lembrou que o litro do etanol tem saído em média a R$ 1,30 das usinas, enquanto o litro da gasolina sai por R$ 1,05 da refinaria. "Ao valor da gasolina é acrescido o da mistura de anidro, além de impostos. E a tributação no Brasil para os combustíveis é alta, se assemelha mais à da Europa, onde os tributos chegam a 100% do valor do combustível”, argumentou. “Se fôssemos falar apenas em equivalência energética, o etanol deveria custar 75% do preço da gasolina na fonte", afirmou Lima, rebatendo críticas de consumidores que dizem que a gasolina no Brasil acaba sendo mais cara dos que nos Estados Unidos. "Na verdade o chororô da Petrobras é exatamente o contrário: o de que estamos vendendo gasolina mais barato do que no mercado internacional".

Ainda segundo Lima, está havendo uma reversão da curva de consumo de Gás Natural Veicular (GNV), que estava em queda de 5% a 10% anualmente nos últimos cinco anos. "Não dá ainda para dizer que o consumo está aumentando, mas está caindo num ritmo mais lento do que nos anos anteriores e já começamos a ver o aumento no número de conversões de veículos que havia sido suspenso ultimamente", disse. Para ele, as incertezas geradas com relação à garantia de abastecimento num passado recente, além da necessidade de fazer investimentos no veículo para usá-lo com GNV é que contribuíram para afastar o consumidor do produto. "Com a elevação do preço do álcool, a concorrência acabou ficando mais vantajosa e o consumidor está novamente voltando sua atenção para o GNV”, ressaltou.

Por Agência Estado