quarta-feira, 1 de junho de 2011

PT e PMDB tentam recompor aliança após crise



A foto acima é o primeiro passo da presidente Dilma Rousseff (PT) e de seu vice, Michel Temer (PMDB), na tentativa de normalizar as relações entre PT e PMDB após os atritos ocorridos na semana passada por conta do Código Florestal. A imagem mostra a transmissão de cargo temporária de Dilma para Temer realizada na manhã desta segunda-feira, em Brasília, antes de Dilma viajar para o Uruguai. Como contou oGlobo, o evento, geralmente fechado ao público, foi aberto para a imprensa e um assessor do Planalto pediu que “muitas imagens” fossem feitas.

Um segundo passo para normalizar as relações foi dado pelo próprio Temer. Após uma áspera discussão envolvendo o Código Florestal, na qual o ministro-chefe da Casa Civil, Antonio Palocci, ameaçou demitir ministros do PMDB, Temer recebeu um pedido de desculpas, e nesta segunda-feira disse a ministros que o atrito está “superado”. O G1 conta:

[Temer disse a ministros] que os atritos com o ministro da Casa Civil, Antonio Palocci, estão “superados”, segundo informou uma fonte do governo. Na reunião desta segunda com os ministros da Secretaria-Geral da Presidência, Gilberto Carvalho; da Secretaria de Direitos Humanos, Maria do Rosário; e do Ministério de Desenvolvimento Agrário, Afonso Florence, Temer afirmou, de acordo com a fonte do governo, que o mal estar ficou “no passado.

Em entrevista à rádio Estadão/ESPN, Gilberto Carvalho falou sobre a importância do PMDB, dizendo que o partido divide o governo com o PT e admitiu que está faltando diálogo entre os dois partidos. Carvalho deixou claro, entretanto, que Dilma não vai ceder no que diz respeito às diferenças entre os partidos sobre o Código Florestal: o PMDB, recheado de ruralistas, quer anistia para quem desmatou irregularmente até 2008 e deixar nas mãos dos Estados a definição de quais áreas devem ou não ser recuperadas. O governo não admite nenhuma das duas reivindicações.

É evidente que todos nós temos juízo e sabemos da importância do PMDB, que desta vez não é aliado, ele é governo conosco, na medida que temos Michel Temer como vice-presidente. Vamos fazer todo o empenho para que a gente mantenha esta aliança com o PMDB. [Dilma] vai fazer as concessões que forem adequadas, e eu não acredito que o PMDB vai exigir dela aquilo que não se pode exigir. Ela não vai fazer concessões inadequadas (…), não haverá ferimento à ética (…), e o Código Florestal foi talvez a melhor demonstração disso.

Um sinal de que não haverá concessão foi dado por aquele que talvez seja o maior aliado do governo dentro do PMDB, o presidente do Senado, José Sarney (AP). Nesta segunda, ele se manifestou contra a anistia aos desmatadores, como conta a Agência Brasil.

“Pessoalmente, acho que os desmatadores não podem ser anistiados. Temos que preservar cada vez mais nossas florestas que são hoje muito importantes para o país”, argumentou Sarney. O presidente do Senado ressaltou que os senadores devem ter mais tempo para discutir o tema, sem a pressa para a votação, como ocorreu na Câmara.

Com pressa ou sem, o fato é que se o governo não vai ceder, os ruralistas também não pretendem abrir mão de um texto que seja melhor para seus interesses. O debate no Senado promete ser tão quente quanto foi na Câmara, e será preciso muito diálogo para evitar que a parceria entre PT e PMDB vá por água abaixo.


José Antonio Lima - Do Época - Foto: Roberto Stuckert Filho / Presidência