quinta-feira, 2 de junho de 2011

Após nove dias presa por dirigir, mulher saudita é solta


Depois de nove dias presa, Manal al-Sharif, a mulher que escandalizou a Arábia Saudita ao dirigir na cidade de Khobar e postar um vídeo do “crime” (a Arábia é o único país do mundo que proíbe) no Youtube, foi finalmente solta pelas autoridades locais. Segundo o jornal britânico The Guardian, Manal desistiu de ser uma das líderes da campanha Women2Drive, que pretendia fazer com que várias mulheres sauditas saíssem às ruas dirigindo no próximo dia 17 para protestar contra a proibição em vigor no país.

Na terça-feira, Sharif, expressou “profunda gratidão” ao rei Abdullah para ordenar a sua libertação e pareceu a abandonar seu chamado para as mulheres serem autorizadas a dirigir, de acordo com uma declaração escrita publicada pelo jornal Al-Hayat. “Quanto ao tema da mulher na direção, vou deixar isso para o nosso líder em cujo poder estou inteiramente de confiança, para pesar os prós e contras e tomar uma decisão que irá levar em consideração os melhores interesses do povo, mas também ser agradável a Alá, e em conformidade com a lei divina”, disse ela, de acordo com uma tradução de sua declaração.

Não é preciso conhecer o Oriente Médio para saber que Manal foi coagida a mudar de posição. Wajeha al-Huwaider, a mulher que fez a filmagem, deu entrevista ao Guardian dizendo que recebeu avisos das autoridades locais para abandonar a campanha, um “aconselhamento” comum para os sauditas que tentam mudar alguma coisa no país.

Esse tipo de proibição deriva do acordo que sustenta a Arábia Saudita e que foi firmado há décadas pela casa real de Saud e os clérigos wahabistas da península arábica. Enquanto os Saud reinam, os wahabistas transformam o país em uma teocracia supostamente livre de “impurezas” (como mulheres ao volante) e exportam sua versão fundamentalista do Islã para o resto do mundo muçulmano.


REDAÇÃO ÉPOCA
MUNDO