sexta-feira, 1 de abril de 2011

Deputado Marco Feliciano: "Não aceito as atitudes homossexuais em espaço público"


O parlamentar, envolvido em polêmica semelhante à de Jair Bolsonaro, diz a ÉPOCA que não é racista nem homofóbico

Depois da polêmica participação do deputado federal Jair Bolsonaro (PP-RJ) no programa de TV CQC, esta quinta-feira (31) foi o dia de outro parlamentar, Marco Feliciano (PSC-SP), causar confusão ao postar em sua conta do Twitter mensagens que foram interpretadas como racistas e homofóbicas. Por volta das 15 horas desta quinta, Feliciano tuitou: “Africanos descendem de ancestral amaldiçoado por Noé. Isso é fato”. Antes dessa mensagem, ele já havia escrito: “Entre meus inimigos na net (sic), estão: satanistas, homoafetivos, macumbeiros...”

As mensagens geraram uma série de protestos online contra ele, que já havia afirmado na quarta-feira, também pelo Twitter, que os negros africanos sofrem com pestes, pobreza e fome por descenderem, supostamente, desse ancestral amaldiçoado, neto do personagem bíblico Noé. “A maldição de Noé sobre Canaã (o neto) toca seus descendentes diretos, os africanos”, afirmou. Segundo o deputado, Canaã teria sido amaldiçoado porque seu pai teria cometido um ato homossexual, referindo-se a uma passagem bíblica em que Cã (pai de Canaã) ri da nudez de Noé. “Alguns eruditos afirmam que a palavra rir aponta para prazer, então o filho abusa da nudez do pai”, disse. Em seguida, Feliciano conclui que esse seria “possivelmente o 1º Ato de homossexualismo da história”.

A ÉPOCA, Feliciano disse que tudo não passou de uma “infelicidade”. “Sou professor de teologia, e uma vez por dia posto no meu twitter uma pergunta bíblica para meus alunos. A questão do dia tinha sido essa: ‘por que Noé ficou furioso com o filho, que o viu nu, e amaldiçoou o neto e não o próprio filho?’” Segundo a explicação que ele deu à reportagem, Noé, enfurecido, teria lançado uma praga sobre o neto para machucar mais o filho, e esse neto, Canaã, teria dado origem aos povos africanos.

O parlamentar voltou a defender que não é racista, pois ele próprio, disse, tem origens negras. Sua intenção com a mensagem, afirmou, era atentar para o fato de que os povos africanos são amaldiçoados não por serem negros, mas por terem uma religião diferente da cristã. “A palavra lançada (a maldição) só é quebrada quando alguém encontra Jesus. Quando eles fazem isso, a maldição não repousa mais sobre eles. Ela é quebrada em Cristo”, afirmou. Na África, predominam as religiões pagãs e politeístas.

Lucas Hackradt - Do Época