segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Tecnologia alemã com sotaque brasileiro em Toritama.



Edílson Tavares
Foto: Carlos Maciel/JC Online


Quando o assunto é inovação, logo o Polo de Confecções do Agreste pernambucano aponta o empresário Edílson Tavares de Lima como referência na cidade de Toritama, distante 160 km do Recife.

Responsável pela implantação da Estação de Reciclagem de Efluentes - projeto alemão que ele adaptou à realidade de sua empresa (Lavanderia Mamute - a primeira de Toritama) -, Tavares transformou o cenário do município que hoje é responsável por 16% da produção nacional do jeans.

Com o crescimento acelerado do setor, houve uma verdadeira febre de lavanderias na cidade. Os reflexos foram imediatos: inúmeras empresas despejando efluentes de seus processos industriais no Rio Capibaribe, o mais importante de Pernambuco.

Diante do problema, o Ministério Público do Estado fechou o cerco e determinou que os empresários implantassem processos tecnológicos a fim de se adequarem à legislação ambiental brasileira sob pena de fecharem as portas.

Para Tavares, a solução surgiu em 1999, através de uma parceria da Lavanderia Mamute com o Sebrae, Sindicato do Vestuário do Estado de Pernambuco (Sindivest/PE) e a BFZ, uma instituição alemã que desenvolve soluções ambientais.

"Foi uma questão de vida ou morte para minha empresa. Os empresários não tinham muitas escolhas. Ou se enquadravam ou baixavam as portas. Então busquei investir no uso consciente dos recursos ambientais e vejo que foi o melhor negócio", lembra.

A técnica utilizada, segundo Edílson Tavares, é economicamente viável. "Na época fiz uma pesquisa e encontrei orçamentos em torno de R$ 400 mil. Com esse projeto, gastei apenas R$ 38 mil", comemora.

Reciclando água em uma área carente de recursos hídricos, a Lavanderia Mamute destaca-se no cenário nacional, atraindo empresários de vários estados que buscam ações inovadoras para aplicar em suas regiões.

"Não descobrimos a roda, apenas deixamos de pensar no macro e analisamos cada etapa do processo de produção dentro da lavanderia. Com isso, foi possível perceber que nós não precisávamos de água potável em todas as etapas e, a partir daí, foi fácil entender quando e como seria possível reaproveitar a água", adiantou.

Há 22 anos atuando como modelo no segmento, a Mamute já conseguiu reunir 25 clientes que hoje levam a produção para a lavanderia, reduzindo o número de empresas que poderiam estar poluindo o Capibaribe. Ao todo, são 100 mil peças lavadas por mês.

"Até então, minha empresa, assim como todas as outras, despejava a água suja no rio. Eram cerca de 150 mil litros e hoje jogamos 300 mil litros, só que de água 100% tratada. Essa mesma água se junta à do rio e depois retorna para a lavanderia, através do processo de bombeamento. Isso resulta em 60% do aproveitamento total da água", explica.

Além de evitar que a água suja seja atirada no Rio Capibaribe, a Lavanderia Mamute também conseguiu economizar. Se antes eram necessários 120 litros para lavar uma peça, atualmente bastam 70.

"Estamos numa região seca. E o combustível do meu negócio é exatamente esse produto escasso: a água. Por isso, precisava encontrar soluções de tratamento para garantir essa economia. E conseguimos mostrar para o mundo que ser uma empresa ambientalmente correta é financeiramente viável e rentável"

Fonte: JC ONLINE