sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Zé do Mestre, um artesão sertanejo conhecido e reconhecido mundialmente por seus gibões e chapéus de couro.








Vaqueiro, um dos mais famosos artesãos do couro no Brasil, José Luiz Barbosa, o Zé do Mestre, nasceu em 1932, na zona rural do município de Salgueiro, onde vive até hoje. Aprendeu o ofício com o pai, conhecido na região por Mestre Luiz, vindo daí o apelido de Zé do Mestre. Perto de completar 80 anos de idade na cacunda, suas habilidosas mãos passeiam pelos artefatos de couro de boi, confeccionando suas especialidades que é a produção das peças que compõem os equipamentos e a vestimenta típica do vaqueiro sertanejo: gibão, perneira, chapéu, bota, luva, guarda-peito (proteção para a barriga), chicote e corda de relho para amarrar o boi. Tudo isso feito arteseanalmente no mais resistente couro que o vaqueiro usa no seu dia-a-dia na lida da pegada do boi pela caatinga. As peças de seu Zé que o cantor Luís Gonzaga uzava em suas apresentações, tornou o artesão muito mais famoso. O artista, trabalha com ajuda do filho, na casa onde mora, no sítio Cacimbinha, distante 14 km, do centro de Salgueiro, sertão de Pernambuco. Com sorriso de satisfação e olhos brilhantes, o sertanejo oferece assento aos visitantes e começa a prosa contando suas histórias, como a da pedra que “plantou” em seu quintal e que cresce como planta. O engraçado é que ele não tem mais as sementes pra um novo plantio. Lembrando dos tenpos de outrora, o alfaiate do couro conta um pouco do passado, nada feliz. “Nasci no ano em que mais se morreu gente por conta da fome. Naquele tempo, lá pela década de trinta, por aqui todo mundo era magrinho. Magrinho, mais magrinho mesmo. Naquela época, só tinha dois tipos de gente: os que não tinham comida e os que passavam fome. Também não tinha estrada e a picada da miséria passava aqui pertinho. A gente via a carestia passar aqui mesmo, na porta do sítio, com as crianças magrinhas e o monte de caveira que ia ficando no meio do caminho.” Relembra emocionado. Zé do Mestre, já confeccionou gibão, chapéu e artefatos de couro para autoridades diversas, como presidentes da República, o rei Juan Carlos, da Espanha, cantores e artistas famosos e tem peças expostas em galerias de artes e no Museu Missionário, no Vaticano. Matuto sábio e de visão futurista, sua casa é muito frequentada por alunos, pesquisadores e curiosos da região, pelo fato de possuir uma biblioteca com 1.200Kg de livros específicos e raros, que foram doados por um forte empresário, que atendeu ao pedido de seu zé que não teve oportunidade de frequentar escola como gostaria. Depois que o tradicional vaqueiro tornou-se uma figura rara no sertão e a encomenda de gibão caiu praticamente a zero, ele iniciou a produção de peças em miniatura, vendidas por encomendas e na feira de sua cidade e em Caruaru. Suas vestimentas também podem ser vistas em vaqueijadas e na missa do vaqueiro em Serrita-PE.