quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Dia Nacional da História em Quadrinhos


No próximo sábado (30/01) comemora-se o Dia Nacional da História em Quadrinhos.


A data foi instituída pela Associação de Quadrinhistas e Cartunistas do Estado de São Paulo para lembrar que nesse dia, em 1869, foi publicada a primeira história em quadrinhos brasileira.
O trabalho apareceu nas páginas do jornal Vida Fluminense, com o personagem fixo Nhô Quim, criado por Angelo Agostini. Todavia, quando se fala no tema, é comum pensar em histórias para crianças, mas vale lembrar que o público-alvo é bem diversificado. Há quadrinhos para todas as idades e gostos, de gibis da Turma da Mônica ao Marvel Comics e Sandman, entre outros.
A consagração de uma data aos quadrinhos estimula a reflexão sobre a importância dessa linguagem no conjunto das manifestações artísticas.
Antigamente, as revistas em quadrinhos eram objetos considerados de pouco valor, guardados debaixo da cama ou numa estante nos fundos da casa. Hoje, elas ganharam mais espaço e ocupam um lugar de honra na estante de muitas pessoas, e até mesmo ao lado dos livros do colégio. “Isso porque, adaptações para quadrinhos de obras clássicas da literatura viraram um filão editorial que tem movimentado o mercado de livros paradidáticos.
Obras literárias brasileiras foram lançadas pelas editoras Ática, Escala Educacional e Ibep, entre outras, visando estimular o gosto pela literatura nacional nos brasileiros”, comenta a gerente do Varejão do Estudante, Carolina Tavares, que ressalta que as publicações podem ser adquiridas na loja física ou pela página na internet, em até 10 vezes sem juros no Hipercard.
Fazem parte da coleção Literatura Brasileira em Quadrinhos, da Escala Educacional O Cortiço, de Ronaldo Antonelli e Francisco Vilachã, e Memórias de um Sargento de Milícias, por Índigo e Bira Dantas. A coleção é formada por volumes de 50 a 66 páginas e voltada a estudantes do ensino médio. A Escala Educacional publicou ainda Memórias Póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis; e O triste fim de Policapo Quaresma, de Lima Barreto
A editora Ática lançou a coleção Clássicos em Quadrinhos com obras como Dom Quixote, de Miguel Cervantes; O Cortiço, de Aluisio de Azevedo; Deus e suas criações, que são tipo as histórias bíblicas em quadrinhos, de Marcia Williams; Mitos Gregos, O Voo de Icaro e outras lendas, também de Marcia Williams.
Já na editora Ibep, o nome da coleção é Quadrinhos Nacional e tem Oliver Twist, de Charles Dickens; Mody Dick, de Herman Melville; O Alienista, de Machado de Assis; Memórias de um Sargento de Milicias, de Manuel Antonio de Almeida; O Triste Fim de Policarpo Quaresma, de Lima Barreto; e a Ilha do Tesouro, de Robert Louis Stevenson.

POUCA LEITURA – E, ao contrário do que muitos podem pensar, os quadrinhos não vêm para substituir a leitura dos livros, mas para estimular o leitor a procurar novas fontes da história que acabou de ler. Afinal, as adaptações de clássicos para quadrinhos aproximam alunos da literatura. Um estímulo que pode gerar bons frutos intelectuais e educacionais, visto que um levantamento do Instituto Pró-Livro confirma que o brasileiro lê pouco. São 77 milhões de não leitores, dos quais 21 milhões são analfabetos. Já os leitores, que somam 95 milhões, leem, em média, 1,3 livro por ano. Incluídas as obras didáticas e pedagógicas, o número sobe para 4,7 – ainda assim baixo. Os dados estão na pesquisa Retratos da Leitura no Brasil, feita com 5.012 pessoas em 311 municípios de todos os estados em 2007.
Nos Estados Unidos, por exemplo, a população lê, em média, 11 livros por ano. Já os franceses leem sete livros por ano, enquanto na Colômbia, a média é de 2,4 livros por ano. Os dados, de 2005, são da Câmara Brasileira do Livro (CBL) e do Sindicato Nacional dos Editores de Livros (Snel), que integram o Instituto Pró-Livro.

COMPREENSÃO – A adaptação de um livro para quadrinhos possa deixar mais fácil a leitura de clássicos bastante complexos. Mas não dá para negar que é grande o apelo desse tipo de trabalho na hora de falar de literatura com os adolescentes. No caso dos alunos do ensino médio mais ainda, pois para o vestibular é preciso dominar as obras na íntegra.
De acordo com doutoranda em Educação e coordenadora do Curso de Pedagogia da Universidade Estadual Vale do Acaraú, Patrícia Ignácio, a leitura é um processo de interação entre o texto e o leitor, e a leitura das HQs é estimulada através da visualização e construção do significado, além de auxiliar na compreensão do que é lido. “Considero que os quadrinhos são um grande estímulo para a formação da criança leitora, que se transformará no futuro sujeito leitor. Pela minha experiência de trabalhar por 12 anos com crianças de 1ª à 4ª série, percebo que quando a criança está iniciando seu processo de leitura, em sua maioria ela se sente mais envolvida quando surgem as gravuras, e não somente as letras. Inicialmente, ela começa lendo só imagens e, depois, faz a leitura de imagens vinculada à escrita. O lançamento destas coleções estimulam o hábito da leitura de histórias mais envolventes ou tramas com clássicos”, ressalta Patrícia Ignácio.
E ela argumenta que o processo de leitura da criança começa pela leitura visual. “Ela olha a gravura e constrói seu texto. Gradativamente, ela vai se desvinculando e conseguindo abstrair somente com as palavras, sem a presença das ilustrações”, finaliza Patrícia, cujo mestrado foi baseado na análise do significado de histórias e desenhos animados, que têm sua origem nos quadrinhos.


PRIMMA COMUNICAÇÃO ESTRATÉGICA - Juliana Lopes