quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

Farmácias de manipulação aumentam faturamento com parcerias comerciais


Apesar de ser regido por legislações rigorosas de boas práticas de fabricação, o setor de farmácias magistrais participa com menos de 10% das vendas de medicamentos no país, segundo informação da Associação Nacional de Farmácias Magistrais (Anfarmag). O desafio de aumentar a participação nesse mercado, que movimenta cerca de R$ 25 bilhões por ano, está mais próximo da realidade de 20 farmácias de manipulação do sul de Minas Gerais. Reunidas na Associação das Farmácias do Sul de Minas (Farmasul), as empresas formalizaram recentemente a Central de Negócios que unifica os processos de compra, divulgação, vendas, treinamento de recursos humanos e desenvolvimento de produtos. A Central é estruturada em parceria com o Sebrae em Minas Gerais e começou as operações em 2007. Em dois anos, o faturamento das empresas aumentou 20% e a economia nas compras alcançou o mesmo patamar. Parte do ganho financeiro resultou do aprimoramento de controles. “Tinha colegas trabalhando no vermelho em algumas linhas”, conta José Donaldson, presidente da Farmasul e dono da Farmácia e Drogaria Nossa Senhora Aparecida. Nas compras em conjunto, as empresas conseguiram descontos em materiais de consumo como, luvas e máscaras usadas na manipulação. Os custos de fretes e prestação de serviços para liberação de laudos do Ministério do Trabalho também foram reduzidos. Para aumentar as vendas, algumas empresas do grupo passaram a trabalhar com representantes comerciais, uma prática comum das grandes indústrias do setor. A Farmácia São Lucas, de São Lourenço, é uma delas. A empresa está no mercado há 22 anos e tem 12 empregados. “Contratamos um profissional com 30 anos de experiência para visitar os médicos da região”, conta Maria Isaura Freire, sócia da empresa. Segundo ela, o fluxo de clientes na loja aumentou. “Vários médicos também estão nos visitando”, completa. Por meio da central, os empresários da Rede Farmasul planejam ações comuns de divulgação. “Queremos mostrar a importância da manipulação, as opções que o serviço oferece para o paciente e o profissional da saúde”, adianta Donaldson. A empresa dele tem 12 anos, 20 empregados e duas unidades: uma drogaria e uma farmácia de manipulação, sediadas em Cambuquira. Ao contrário das grandes indústrias, o setor não costuma realizar campanhas publicitárias. “A manipulação é um atendimento personalizado, ajustamos dosagens e temos preços mais competitivos”, afirma Donaldson. Para manter as atividades da Central, que funciona em sede própria e tem uma secretária, os empresários contribuem com mensalidade de R$ 200. “Esse investimento nos dá um retorno muito significativo. Trocamos experiências, participamos de cursos e consultorias que individualmente seria oneroso. Com a parceria isso se torna possível”, reforça o presidente da Central. Fidelidade Para 2010, os empresários da Rede Farmasul planejam estratégias de fidelização dos clientes. “Queremos lançar cartão de crédito próprio. Comprando com ele, o cliente acumulará bônus que poderão ser tocados por prêmios”, informa Elizabeth Bontempo, proprietária da Farmácia VitaCorpus e tesoureira da Central Farmasul. A empresária participou recentemente de missão organizada pelo Sebrae/MG a Portugal. Eles visitaram a associação nacional do setor, que abrange 96% das farmácias do país. “Conhecemos o programa de fidelização das farmácias de lá, que administram cartões de crédito próprios. As empresas também têm serviços de aconselhamento e acompanhamento dos pacientes. Pretendemos nos inspirar na experiência deles para criar campanhas em nossas comunidades”, antecipa. Outro projeto da Central Farmasul é a certificação das empresas. “Vamos estabelecer normas e padronizar processos, para garantir a qualidade e aumentar a credibilidade de nossos serviços”, completa Elizabeth. Marca própria A Central da Rede Farmasul proporcionou respaldo financeiro às empresas para, inclusive, apostarem no mercado de cosméticos. Com um conceito de marca fundamentado nos quesitos saúde e beleza, as empresas desenvolveram uma linha de produtos chamada Áqua de Minas. O kit é composto de sabonetes e hidradantes que têm águas termais em sua composição. As águas termais são abundantes no Sul de Minas Gerais e uma referência do turismo na região. A Central Farmasul também está investindo em fraldas infantis. "Teremos qualidade e preço atrativos", garante Elizabeth Bontempo. A Fralda do Neném começou a ser comercializada em novembro. Já a linha Aqua de Minas estará no mercado em 2010. "Vamos contratar uma empresa para fazer o estudo de mercado e posicionar nossas marcas", informa. Com 25 anos de experiência no setor, a farmacêutica acredita que a união das empresas viabiliza as metas do grupo. “Sou empresária há 13 anos e acho que o Sebrae-MG nos apresentou uma visão moderna do associativismo. A Central de Negócios não é só uma alternativa de apoio, mas de sobrevivência no mercado”, conclui. Segurança O Brasil é o único país no mundo em que as farmácias magistrais são autorizadas a manipular medicamentos industrializados. O setor possui normas de funcionamento que abrangem questões relacionadas a instalações, equipamentos, recursos humanos, aquisição e controle de qualidade da matéria-prima. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária exige e fiscaliza procedimentos de armazenamento, avaliação farmacêutica da prescrição, fracionamento, conservação, transporte, dispensação das formulações e atenção farmacêutica aos usuários.

Da Agência Sebare de Notícias