quarta-feira, 30 de junho de 2010

A felicidade nos negócios




Só o aumento do PIB é suficiente para dizer que uma economia está indo bem?
Agora que o Brasil apresenta elevados índices de crescimento talvez seja hora de repensar esse conceito
O expressivo índice de crescimento da economia brasileira no primeiro semestre de 2010 tem proporcionado um momento de otimismo ímpar para o país. Mas essa efervescência vem acompanhada de alguns questionamentos. Que tipo de crescimento é desejável? O aumento nas vendas contribui efetivamente para o enriquecimento do país? E o que entendemos por crescimento?
Se tomarmos como parâmetro somente o PIB brasileiro podemos incorrer em erros de interpretação. Como nos lembrou o professor Ladislau Dowbor, em um debate promovido pelo Instituto Ethos sobre a crise econômica mundial no início do ano passado, até uma doença como a H1N1 (gripe suína) pode contribuir para o crescimento do PIB, se considerarmos o aumento das vendas de seringas, agulhas, máscaras entre outros itens que, naturalmente, são contabilizados como crescimento.
Por outro lado, no Butão, país localizado na Ásia entre a Índia e o Tibet, foi criado na década de 1970 o índice de Felicidade Interna Bruta (FIB). Seu principal objetivo é medir além das riquezas materiais, a felicidade, o bem estar da população e o desenvolvimento sustentável.
Iniciativas mundiais, que apontam para um novo padrão para medir o crescimento, surgem de um desejo de reorganizar a sociedade mundial para enfrentar novos desafios, como as mudanças climáticas. A antropóloga Susan Andrews ressalta que o PIB dos Estados Unidos triplicou desde 1950, mas uma em quatro pessoas é infeliz ou deprimida, o número de divórcios duplicou, os crimes violentos quadruplicaram e a população carcerária é cinco vezes maior. Segundo Susan, os americanos aumentaram suas riquezas ao mesmo tempo em que perderam o sentido de viver em comunidade.
Por isso, para nós brasileiros que estamos dando passos largos em direção ao desenvolvimento econômico, agora é tão importante fazermos essa reflexão. Podemos também nos inspirar em iniciativas que dão certo, aquelas que trazem em seu modelo de negócios o compromisso com o desenvolvimento sustentável. Se prestarmos atenção aos bons exemplos, podemos criar uma onda de valorização e otimismo, com boa dose de felicidade para que as realidades possam ser transformadas e os desafios enfrentados de forma inteligente.


Por Claudio Tieghi*