O paracetamol é um dos medicamentos
analgésicos mais usados no combate às dores físicas. O remédio não age
apenas no local onde está havendo o desconforto, age, também, nos
centros cerebrais onde são recebidas as informações sensoriais dos
tecidos, bloqueando os receptores nervosos, impedindo que a dor seja
sentida.
Com evidências que o paracetamol age
também em uma área do cérebro córtex cingulado dorsal anterior (DACC,
pela sigla em inglês), responsável por sentimentos de rejeição social e
de frustração e sensação de incerteza ou de confusão, uma pesquisa
realizada na Universidade de Columbia, nos Estados Unidos, resolveu
testar o remédio em provocações de frustração, tolerância às minorias e
decisão.
Os resultados da pesquisa confirmaram a
ação da medicação: quem usou paracetamol foi menos intolerante com
minorias, mostrou menor frustração pessoal e angústia reduzida. Um novo
teste foi elaborado e os resultados foram semelhantes. O paracetamol foi
capaz de reduzir a atividade do DACC e atenuar o sofrimento e a
sensação de rejeição e intolerância. A pesquisa foi publicada na revista
Psychological Science.
No entanto, especialistas afirmam que é
cedo para que este analgésico seja incluído nas receitas de medicações
para sofrimentos psíquicos. Esta pesquisa apenas averiguou as reações
sociais dos participantes expostos e de não-expostos ao analgésico e
comparou os resultados. Novas pesquisas mais minuciosas precisam ser
realizadas, e com a utilização de equipamentos de ressonância magnética
que possibilitem a ação direta do medicamento para que possam ser mais
eficazes. Apesar disto, para os responsáveis, consideram que as dores
físicas e psicológicas estão associadas de alguma forma.
O sofrimento físico é capaz de provocar
algum sofrimento emocional, como o estresse. Se a dor do corpo for
aliviada a dor mental também reduz. Como diria o poeta Carlos Drummond
de Andrade, “a dor e inevitável, o sofrimento é opcional”, no entanto,
nunca usem nenhum medicamento sem a orientação de um profissional
habilitado.
Este texto foi produzido sob o efeito de
paracetamol, utilizado para amenizar o sofrimento causado por uma
cefaleia (que talvez seja tema para um texto futuro) que me atacou a
noite inteira.
Ulisses Nacimento
Psicólogo, CRP-02/15.389
- Do Melqui Lima