O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva encontrou-se segunda-feira em São Paulo com Henrique Meirelles, presidente do Banco Central (BC) durante seus dois mandatos, para conversar sobre a situação da economia - marcada pela alta do dólar e a volta da inflação. Meirelles disse que há um problema de confiança na economia, que precisa ser restaurada, segundo apurou o 'Estado'.
A conversa entre os dois foi reproduzida mais tarde por Lula à presidente Dilma Rousseff. Ontem, o jornalista Kennedy Alencar afirmou, na rádio CBN, que o ex-presidente teria sugerido a Dilma a substituição do ministro da Fazenda, Guido Mantega. À suposta sugestão de Lula para que Mantega fosse trocado, juntaram-se rumores de que na conversa com Dilma o ex-presidente tenha sugerido Meirelles para substituí-lo.
O comentário esquentou ainda mais o já nervoso mercado financeiro e contribuiu para mais um dia de alta do dólar, apesar das intervenções do BC.
Os rumores sobre a suposta demissão de Mantega e sua substituição por Meirelles foram desmentidos ao longo do dia pelo governo, pelo ex-presidente Lula e por Meirelles.
Desmentidos. Em nota distribuída por seu instituto, Lula afirmou que não procede "de forma alguma" a informação de que teria sugerido à presidente a substituição de Mantega - que exerceu vagos cargos em seu governo. "O ministro da Fazenda, Guido Mantega, tem grandes serviços prestados na condução da economia ao País e é conhecido pela sua competência e seriedade na condução da pasta", diz a nota do Instituto Lula.
O porta-voz do Palácio do Planalto, Thomas Traumann, qualificou como "boato irresponsável" os rumores sobre a queda do ministro da Fazenda. "O Planalto qualifica a queda de Mantega como boato irresponsável", disse o porta-voz ao Broadcast, serviço notícias em tempo real da Agência Estado.
Meirelles, presidente do conselho consultivo da J&F, holding da família Batista, que controla o frigorífico JBS, disse que está "muito bem no setor privado, que está sendo uma experiência extraordinária". Ele comandou o BC durante a administração Lula e no começo do governo Dilma, quando foi substituído por Alexandre Tombini.
A declaração de Meirelles foi dada quando questionado por jornalistas. "Estou trabalhando no dia a dia do conselho da J&F e em atividades internacionais. Estou focado no meu trabalho, como sempre", declarou após palestra na Feira Internacional da Cadeia Produtiva da Carne.
Questionado se "voltaria a servir o seu País", respondeu que não trabalha com hipóteses. Já com relação aos rumores de que o presidente do BC, Alexandre Tombini, poderia exercer o cargo de ministro da Fazenda no lugar de Mantega, Meirelles declarou: "Não comento sobre essas discussões. Estou focado no meu trabalho, para não desviar o foco".
- Do Estadão