domingo, 7 de abril de 2013

Entidade que 'diplomou' pastor faz enquete sobre renúncia

Três dias após conceder um diploma ao deputado Marco Feliciano (PSC-SP) por sua atuação em defesa dos direitos humanos, a Federação Brasileira de Direitos Humanos (FBDH) retirou de seu site a notícia de apoio ao pastor e presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara, antes destacada, e passou a promover enquete para saber se o parlamentar deve ou não renunciar ao comando do colegiado.
Em nota pública, a federação informa, ainda, que "não tolera e não aceita comportamentos e provocações racistas, discriminatórias, homofóbicas, cristofóbicas ou apologia à violência contra grupos gay ou cristãos". "Por favor, respeite os direitos humanos, pois todos são cidadãos brasileiros", acrescenta a nota exibida no portal da entidade.
Responsável por aprovar a entrega do "diploma" ao pastor Feliciano, acusado de racismo e homofobia, o presidente da federação, Elizeu Fagundes Rosa, pediu licença do cargo.
 
 
Procurado pelo Estado ontem, Elizeu Rosa afirmou que a decisão foi tomada não somente por causa da polêmica envolvendo o pastor e o diploma, mas também para que pudesse resolver "pendências com a Justiça".
"Existem alguns processos em andamento. Por isso, decidi me afastar em respeito à federação", afirmou Rosa, alvo de inquérito na Polícia Federal. Uma das acusações pelas quais responde é de estelionato, assim como o próprio Feliciano, que prestou depoimento na sexta-feira ao Supremo Tribunal Federal.
Apesar do recuo da entidade em relação ao apoio a Feliciano, Rosa declarou que não há intenções de retirar a condecoração. "Como pastor, ele é ficha-limpa. Soube apenas que ele tirou a foto do diploma de seu twitter."
O presidente afastado da FBDH negou também que a federação tenha pedido a renúncia de Feliciano da presidência da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara. "Quem vai julgá-lo é a Justiça. Não é papel de nossa entidade, tampouco meu. Seu eu tivesse a oportunidade, conversaria com ele para saber se há interesse de renúncia. Cabe ao Feliciano decidir isso", disse o ex-presidente da entidade, ao comentar sobre a enquete postada na internet.
Rosa destacou também que a Federação Brasileira de Defesa dos Direitos Humanos, com sede em Salvador, deverá se reunir nos próximos dias para definir seu substituto. "Já há uma conversa, mas imagino que um nome seja escolhido e revelado, no máximo, até quarta-feira."
O polêmico diploma a Feliciano, criticado por entidades de direitos humanos, como a ONG Conectas, foi concedido no dia 4 e exibido pelo pastor em seu Twitter.
 
Do Estadão