segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

Disposição que faltava em João sobra em Geraldo



Passado um mês da gestão de Geraldo Julio como prefeito do Recife, já é possível perceber duas diferenças importantes em relação a seu antecessor João da Costa: a disposição e a preocupação com a opinião pública.
Claro que em um mês não é possível medir nada, mas pelo menos sinaliza o que pode vir a ser a atual gestão.
É visível que Geraldo Julio tem evitado pautas polêmicas.
Evita falar do caos deixado por João da Costa, assim como evita posicionamentos mais divergentes.
Escolheu pautas suaves e praticamente consensuais. Anúncio de algumas obras e visita a funcionários de manutenção foram temas de quase todas as semanas. A agenda mais polêmica, como o Cais José Estelita, até agora tem sido jogada no colo de João da Costa.
Até a arrumação da bagunça da cidade parece ter sido escolhida a dedo, como os mercados de Beberibe e Água Fria. São caóticos, mas por ter algum espaço disponível na região, facilitou a reorganização dos ambulantes.
Com uma agenda fácil e um antecessor que se aproximava da gestão, Geraldo Julio está passeando politicamente pela cidade, sem muita dor de cabeça.
Mas independente desta favorável comparação com João da Costa, é preciso reconhecer que Geraldo Julio está se mexendo politicamente com muita competência.
E além disso, demonstra uma disposição fora do comum para exercer o papel que a cidade espera dele: a de síndico do Recife. E isso é fundamental após o desastre da gestão petista no Recife.
Outra característica visível é a preocupação com a opinião pública. À exceção do episódio Valmar, Geraldo reagiu rapidamente a todos os focos de possível inflamação da imagem de sua gestão. Foi assim com o fechamento da Arena Rosa e Silva e também com o caso dos professores, anunciando que ainda este semestre vai implantar a hora-atividade.
Dentro de poucos meses este passeio vai acabar, porque a população vai esquecer a herança maldita de João da Costa e Geraldo precisará enfrentar algo muito mais complicado: a desordem generalizada da cidade.
É possível encontrar exemplos de desordem em todos os lugares. Desde o Centro do Recife, invadido por camelôs, até a frente do Colégio Santa Maria, onde pais de alunos estacionam em fila tripla sem a menor cerimônia.
A verdade é que a cidade se acostumou ao caos. Cada um de nós, individualmente, se favorece de algum aspecto da esculhambação na cidade. Desde estacionar irregularmente até a comprar um CD pirata em alguma calçada da cidade, passando pela quizumba em que se transformou a praia de Boa Viagem.
Muito mais do que reorganizar, será preciso mudar culturalmente o hábito de recifenses, e isso será o ponto onde saberemos se estamos diante de um prefeito que vai marcar seu nome na vida da cidade, pensando no coletivo, ou vai ficar pensando no miúdo político, como o PT do Recife.
Mas enquanto a hora da verdade não chega, Geraldo vai mostrando que está com a disposição que faltava a João da Costa.