Política é uma verdadeira arte para apaixonados, até porque se não tiver paixão o eleitor muitas vezes não consegue suportar os altos e baixos, as jogadas muitas vezes inescrupulosas, os arranjos maquiavélicos e outras mazelas que vêm à tona durante os anos subsequentes às eleições.
O mensalão está sendo julgado no STF (Supremo Tribunal Federal), porém os advogados dos réus já dizem que não há prova para indiciar, processar e muito menos condenar, esperamos que os ministros do STF tenham bom senso na hora de julgar. Mas o que eu gostaria de mostrar é a questão da paixão e da razão na política.
Em literatura e filosofia falamos de apolíneo e dionisíaco, racional e apaixonado. Fernando Henrique Cardoso era apolíneo, sociólogo, professor da USP, passou o exílio em la France, lendo Le Mondi, Le Figaro, ensinando em Universidades famosas da França.
Na sua racionalidade, conseguiu ser eleito presidente da república por duas vezes. Enquanto que Lula, dionisíaco, operário, torneiro mecânico, como ele disse em sua posse chorando: “meu primeiro diploma é o de presidente da república do meu país”. Com certeza eu vibrei muito mais com os discursos do Lula, que segundo os estudiosos da língua se utilizava de parataxe, ou seja, orações coordenadas, ou seja, tinha um vocabulário limitado, enquanto que Fernando Henrique, culto, se utilizava de hipotaxe, ou seja, orações subordinadas, conhecedor do idioma.
Sem querer entrar no mérito da competência dos candidatos aqui em Santa Cruz do Capibaribe, eu vejo um Edson Vieira, de família tradicional da cidade, bem educado, anda sempre bem vestido, bem barbeado, boa aparência, bastante racional, apolíneo, enquanto que Zé Augusto é dionisíaco, apaixonado em seus discursos, embora não tenha uma estética visual chamativa tem uma plasticidade verbal que rasga o coração do povão.
Mas vamos esperar pra vermos o desenvolvimento das campanhas e fazermos uma análise das propostas e das possibilidades de cada um.
Por: Denizio Januário, Crítico Literário - Do: Jornal Agreste Notícia