sexta-feira, 1 de junho de 2012

Pintassilgo do nordeste, ave ameaçada de extinção, volta a se proliferar na Paraíba


A ave pinta-silva do nordeste (Sporagra yarrelli) ameaçada de extinção, mede cerca de 11 centímetros de comprimento. Ave granívora, atinge a maturidade aos 10 meses, tira em torno de três filhotes que nascem em torno de 13 dias.

A pinta-silva nordestina, uma das aves mais ameaçadas de extinção na região, volta a se ploriferar na cidade de Fagundes, Paraíba, graças aos projetos ambientais Biqueira Velha e Natureza Livre, que educaram e sensibilizaram os moradores e principalmente donos de pequenas e grandes propriedades da zona urbana e rural da região de Fagundes.

A pinta-silva era uma ave comum na região, que chegava a fazer ninhos nas enormes figueiras italianas que havia na praça central da cidade e nas árvores dos quintais das casas da zona urbana. Com o tempo foram desaparecendo, inicialmente aos poucos, e depois de forma acelerada.

A pinta-silva nordestina é uma ave que tem o hábito de voar alto e pousar no topo de grandes árvores, como Craibeira, Cajazeira, Baraúna, Eucalipto e tantas outras árvores de grande porte. Ela gosta de se alimentar de sementes de mussambê, um arbusto que nasce próximo das margens de açudes, lagoas, barreiros, etc, e também das sementes de bem-me-quer, entre estes arbustos a pinta-silva torna-se vulnerável aos capturadores que colocam gaiolas com 8 ou até 12 alçapões, redes de captura e visgo de jaca, que é um látex retirado da jaqueira. No caso do visgo, eles o isolam em um galho e, quando a ave pousa, os pés grudam e ela fica presa. Na maioria das vezes as penas grudam e são limpas com óleo vegetal, mas em muitos desses casos acabam sendo arrancadas as penas das asas e a ave é sacrificada por não servir para o mercado negro.

A pinta-silva chegou a desaparecer da região, mas hoje elas estão se reproduzindo com sucesso, todo esse sucesso foi devido ao projeto Biqueira Velha, que é uma plaquinha reaproveitada de biqueiras velhas (calhas velhas). Aqui no nordeste as biqueiras de zinco são utilizadas para armazenar água nas cisternas, daí, quando as calhas estão velhas, elas são reaproveitadas e são confeccionadas artesanalmente pelo ambientalista Aramy Fablício. Na plaquinha é escrito a seguinte frase: “Proibido caçar e capturar animais”. Atualmente quase não há mais biqueiras de zinco, que estão sendo substituídas por calhas de PVC, e está sendo reaproveitado o zinco de outdoors velhos.

As plaquinhas prontas são doadas para os pequenos e grandes donos de propriedades que afixam na frente da sede da propriedade. O projeto Natureza Livre surgiu através deste projeto, que com tantas propriedades que aderiram à causa, tornou Fagundes uma grande área territorial preservada. O projeto Natureza Livre transformou a cidade numa grande área de soltura de animais. Não importa se o animal passa de uma propriedade para outra, pois pra onde ele for ele está protegido do caçador e capturador. “O mais legal é que a maioria da população se conscientizou e se sensibilizou em prol da causa” alega o ambientalista Aramy Fablício.

A perseguição à pinta silva nordestina se deve ao fato de ela ser uma bela ave, de um cantar bonito e estendido. A procura é grande e o preço é muito alto no mercado negro, especialmente quando são vendidas para outras regiões ou outros países, devido ao fato de existirem poucas na vida selvagem. A multa pela apreensão de uma pinta silva é de cinco mil reais. “Eu acredito que o quadro da pinta silva pode ser reversível pelo fato de voar alto, pousar no topo de grandes árvores e alimentar se de sementes de grandes árvores tambem, diferente do azulão nordestino que considero irreversível ou, como costumo chamar, de ave condenada à extinção. O importante seria que outras pessoas, sociedade civil e o poder público do nordeste se envolvessem em prol desta causa para salvar esta linda ave nordestina.”

www.aramyfablicio.com, e-mail: aramy.fablicio@gmail - www.jornaldefagundes.com

Por Edimilson Camilo – Do Folha do Cariri