segunda-feira, 18 de junho de 2012

Cuidado, animais e outros perigos na pista


Com o projeto do governo maranhense de triplicar a atual capacidade de movimentação de grãos do Porto de Itaqui, em São Luís, e a iniciativa da Vale do Rio Doce de mais do que duplicar sua capacidade de escoamento de soja e milho pela Ferrovia Norte-Sul, a transformação do terminal no novo eixo de escoamento da produção do Centro-Oeste, Norte e Nordeste brasileiro está em pleno andamento. Há, no entanto, um gargalo logístico ainda sem solução: a BR 135, a única rodovia que liga São Luís ao restante do país e por onde acaba afunilando toda a movimentação com destino ao Porto.

Para chegarmos a BR 135, partindo de Porto Franco, onde está a maior estação de troca de modal, do caminhão pelo trem, na ferrovia Norte Sul, pertencente a Vale do Rio Doce, utilizamos a rota que segue por outra rodovia federal, a BR 226, que alcança a 135 na altura da cidade de Presidente Dutra.

O trecho total percorrido nas duas rodovias foi de quase 800 km a partir de Porto Franco. Chegamos a São Luís e Itaqui depois de ultrapassarmos exatamente 123 lombadas e a reserva de 135 mil hectares onde estão os índios guajajaras, que normalmente usam a BR 226 para seus protestos e param os veículos com cordas estendidas na pista para pedir dinheiro, num trecho de quase 20 quilômetros onde vivem quase 5 mil índios. As duas BRs são extremamente perigosas. O estado de conservação é péssimo e os motoristas alertam todo o tempo para não se trafegar a noite por causa de assaltos nas lombadas. Há crateras que podem danificar qualquer eixo e obras visíveis somente nos primeiros quilômetros perto de Porto Franco.

Além disso, existem dezenas de pequenos povoados no trecho com muitas motocicletas e pedestres cruzando a pista sem grandes cuidados. O pior, no entanto, são os animais de certo porte, como cabras e jumentos que atravessam a pista em praticamente todos os trechos. Entre Presidente Dutra e São Luís, contamos pelo menos 16 jumentos mortos ao lado da rodovia. No atual estado das BRs, dificilmente se conseguirá levar a Itaqui por caminhão os 20% da produção de grãos destas regiões, como prevê o governo.

Do Globo Rural