Pela primeira vez em mais de três décadas de forte apoio governamental à produção doméstica e elevadas tarifas contra importações, o mercado dos Estados Unidos finalmente vai se abrir para o etanol brasileiro de cana-de-açúcar. A legislação americana vigente, que inclui altos subsídios para a indústria do etanol e uma pesada tarifa contra o produto importado, expira no dia 31 de dezembro. Mas, com o fim das atividades no Congresso americano para 2011 nesta sexta-feira (23/12), não haverá mais oportunidade para qualquer medida que impeça a abertura para o etanol brasileiro, a partir do primeiro dia de 2012, do maior mercado consumidor de combustíveis do mundo. Apesar de diversas articulações pela extensão dos subsídios e da tarifa durante as últimas semanas de trabalho do Legislativo americano, prevaleceu a coalizão formada por inúmeras empresas e entidades contrárias a esses incentivos, da qual participa a União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica). Nos últimos meses, a coalizão intensificou seu trabalho contra os subsídios pagos às distribuidoras que fazem a mistura de etanol à gasolina – subsídios que custam ao contribuinte americano cerca de US$6 bilhões por ano. O trabalho também foi intenso contra a manutenção da tarifa de US$0,54 imposta por Washington sobre cada galão importado. A tarifa impedia que o etanol brasileiro chegasse ao mercado americano com preços competitivos.
“Este é o momento em que Brasil e Estados Unidos, que juntos respondem por mais de 80% do etanol produzido no mundo, devem mostrar liderança e trabalhar juntos para criar um verdadeiro mercado global para o etanol, livre de barreiras tarifárias, a exemplo do que já acontece com o petróleo. Os dois países devem dar o exemplo e incentivar o resto do mundo para que produza e utilize mais etanol,” afirma Marcos Jank, presidente da Unica. Jank vê no fim das barreiras tarifárias nos Estados Unidos o caminho aberto para que as diferentes matérias-primas utilizadas para produzir etanol, como o milho, a beterraba e a cana, sejam avaliadas exclusivamente com base em suas características para produzir biocombustíveis eficientemente. “O que conta é o baixo uso de energia fóssil para produzir a mais elevada quantidade de energia renovável possível”, diz.
Por Globo Rural On-line