sábado, 12 de novembro de 2011

Polícia ficava com metade da renda do tráfico da Rocinha, diz Nem


O jornal O Globo trouxe nesta sexta-feira (11) alguns detalhes do depoimento que o traficante Antônio Bonfim Lopes, conhecido como Nem, deu à Polícia Federal na madrugada de quinta-feira, após ser preso na Lagoa, bairro nobre do Rio de Janeiro, quando tentava deixar a favela da Rocinha. Segundo o jornal, Nem afirmou que gastava parte da renda do tráfico de drogas com assistencialismo (como compras de cestas básicas e construção de casas), mas que metade do que faturava ia parar nas mãos de membros da chamada “banda podre” das polícias Civil e Militar do Rio. O traficante deu detalhes, inclusive datas, de casos de extorsão. Ainda no depoimento, o criminoso afirmou que, devido às constantes extorsões, em alguns períodos seu faturamento era zero. (…) “Metade do dinheiro que eu ganhava era para o “arrego” (gíria para propina)”, afirmou Nem. (…) O delegado Victor Hugo Poubel, coordenador da Delegacia de Combate ao Crime Organizado da PF, garantiu que as informações passadas pelo bandido serão investigadas em inquérito. A prisão de Anderson Rosa Mendonça, o Coelho, chefe do tráfico no morro São Carlos e sócio de Nem, e de seu braço direito, Sandro Luiz de Paula, quando fugiam da Rocinha escoltados por policiais civis e militares, também deu mais provas à Polícia Federal de como funciona o conluio entre a banda podre e os traficantes. Os agentes apreenderam pelo menos dez celulares. No verso dos aparelhos havia a etiqueta “arrego”. “Parece que cada celular tinha uma função. Achamos curioso: no verso de pelo menos dez dos aparelhos havia essa referência ao “arrego”. Supomos que os traficantes usavam os celulares só para receber ligações da banda pobre e providenciar a propina” afirmou o delegado Fábio Andrade, da Delegacia de Repressão a Entorpecentes da PF. Coelho era um dos bandidos mais importantes da estrutura atual da Favela da Rocinha. Ele teria instalado vários laboratórios para refinar cocaína, trazendo da Bolívia pasta-base da droga.

Por José Antonio Lima – Do Época - Foto: Marcelo Carnaval / Agência O Globo