
A presidente Dilma Rousseff voltou a afirmar, nesta sexta-feira (4), que o governo do Brasil não vai fazer empréstimos diretos ao Fundo Europeu de Estabilidade Financeira (FEEF). O fundo é um dos mecanismos por meio dos quais os países europeus tentam combater a crise da dívida soberana que afeta o continente. Há algumas semanas, especula-se que a China poderia fazer um aporte direto ao FEEF, caminho que poderia ser seguido pelo Brasil e outros países emergentes para ajudar a Europa e evitar uma contaminação da economia mundial.
Dilma reforçou sua negativa a essa possibilidade ao responder a uma questão sobre o que a China faria. Segundo ela, o presidente chinês, Hu Jintao, afirmou a ela, em reunião bilateral e no encontro dos Brics, que prefere fazer a contribuição por meio do Fundo Monetário Internacional (FMI).
“Eu também não tenho nenhuma intenção de fazer qualquer contribuição direta para o fundo europeu. Por que eu não tenho? Ora, se nem eles têm [a intenção] por que eu teria? Asseguro que podemos fazer um aporte para o FMI, como recentemente. O dinheiro brasileiro de reservas internacionais foi obtido com o suor do nosso povo, não pode ser usado de qualquer jeito. O FMI dá garantias e o empréstimo é totalmente seguro”
Em outubro, a ampliação da capacidade de empréstimo do FEEF de 280 bilhões de euros para 440 bilhões de euros provocou instabilidade política na Europa. Contrários ao resgate de economias como a da Grécia, população e parlamentares de diversos países protestaram contra novos empréstimos. A tensão foi tão grande que, na Eslováquia, último país a aprovar a ampliação do FEEF, o votação derrubou o governo da primeira-ministra Iveta Radicova.
Dilma também falou sobre a possibilidade de um imposto mundial sobre transações financeiras ser criado. A proposta está sendo debatida desde a crise de 2008 e vem gerando controvérsia. Segundo Dilma, alguns países da Europa, como a Alemanha de Angela Merkel, com quem ela se encontrou nesta manhã (foto), vem defendendo o imposto. Dilma mencionou que o Brasil já possui o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), mas não é contra uma taxa mundial. “Há países que são contra, porque fazem das finanças seu maior negócio. Nós vendemos uma porção de coisas, alimento, minério, petróleo, aviões”, disse.
Por José Antonio Lima - Foto: Roberto Stuckert Filho/PR – Do Época