domingo, 6 de novembro de 2011

Campanha Brasil sem cigarro




Resistir às crises de abstinência é a cura da dependência

Crise ou síndrome de abstinência é o nome dado ao conjunto de sintomas que se instalam quando o fumante interrompe o uso da droga causadora da dependência. Todo fumantes que tenha ficado sem cigarro por algumas horas já sentiu na pela alguns desses sintomas:

• Ansiedade • Inquietação • Tristeza • Irritabilidade • Distúrbios do sono • Falta de concentração • Suores • Dor de cabeça • Alteração do hábito intestinal • Tonturas

Se de um dia para o outro alguém para de fumar, seu cérebro se ressente da falta da droga e toma providências enérgicas para obrigá-lo a usá-la novamente. Contudo, se a recusa em fornecer nicotina aos neurônios persiste, o cérebro começa a sofrer um longo processo de adaptação à nova realidade, como se precisasse reaprender a funcionar de “cara limpa”, como fazia antes de a dependência se instalar.

Quem deixa de fumar tem o direito de se considerar ex-usuário de nicotina; ex-dependente, jamais. Em algum canto do cérebro, a serpente da dependência está sempre à espreita do primeiro deslize. Aqueles que conseguem abster-se por apenas três meses ou passam décadas em abstinência, quando sofrem uma recaída voltam com rapidez ao número de cigarros diários anteriormente consumidos. A dependência de nicotina é uma doença crônica, incurável – o cérebro do fumante nunca mais volta ao estado original.

Como a nicotina age no organismo

A fumaça inalada a partir da queima do fumo atravessa a faringe, a laringe, traqueia e invade os brônquios, seguindo na direção dos alvéolos pulmonares – estruturas em forma de saco, altamente irrigadas por pequenos vasos sanguíneos – para que as trocas de oxigênio por gás carbônico possam ser efetuadas.

Ao chegar aos alvéolos, as gotículas de nicotina entram em contato com a infinidade de vasos sanguíneos que os irrigam, atravessam suas paredes e caem na corrente sanguínea. Dependendo da profundidade da tragada, 70 a 90% da nicotina presente na fumaça é absorvida nos alvéolos. Ao cair no interior dos milhares de vasos capilares dos pulmões, a nicotina se mistura com o sangue já oxigenado, que será levado ao coração para ser bombeado para todo o organismo.

O processo é tão rápido que a nicotina atinge o cérebro entre apenas seis e dez segundos. Os neurônios de várias regiões do cérebro possuem, em suas membranas, pequenas “antenas” às quais as moléculas de nicotina se ligam. Essas “antenas” funcionam como receptores da droga e não têm número fixo: conforme a repetição diária de tragadas aumenta, maior o número dessas “antenas”. Com mais receptores disponíveis, a quantidade de nicotina necessária para acalmá-los precisa ser maior.

À medida que a droga vai sendo metabolizada, isto é, decomposta, os receptores começam a ficar vazios, e a vontade de fumar aumenta progressivamente: surge a crise de abstinência, carregada de ansiedade e agitação, que só regride quando a fumaça chega outra vez aos pulmões e a primeira dose de nicotina atinge o cérebro.

Relação do fumo e da bebida alcoólica

A nicotina é metabolizada (decomposta) no fígado e, em pequeno grau, nos próprios pulmões. A excreção da droga e de seus metabólitos (subprodutos resultantes da sua degradação) é feita pelos rins. A velocidade de eliminação pelos rins varia de acordo com a acidez ou alcalinidade da urina. Quanto mais ácida a urina, mais rapidamente a droga é excretada.

É por esse motivo que as pessoas fumam sem parar quando tomam bebidas alcoólicas: o álcool torna a urina mais ácida, aumentando a velocidade de excreção da nicotina. Para manter a concentração da droga no sangue exigida pelos neurônios dependentes, é preciso aumentar o número de cigarros consumidos.

Fumante passa por cinco fases antes de decidir parar

A tomada de decisão para largar o cigarro resulta de um processo que costuma levar anos ou décadas para se completar. Especialistas demonstram que, do ponto de vista didático, é possível reconhecer cinco estágios pelos quais a maioria dos fumantes passa antes de jogar fora o maço.

A primeira é a Fase de pré-contemplação, quando os fumantes não pensam em mudar seu comportamento e racionalmente veem mais vantagens em fumar do que deixar de fazê-lo. Já a Fase de contemplação acontece quando o fumante sente no corpo alguns problemas causados pelo fumo, tenta reduzir o número de cigarros, mas ainda não se convenceu completamente de que vale a pena ficar livre da dependência.

Na Fase de preparação, o fumante já sabe que o cigarro é seu inimigo, pensa seriamente em largar, mas ainda lhe falta coragem para adotar medidas radicais. É na Fase da ação que finalmente o fumante se confronta com sua condição de dependente e toma a decisão de parar. Muitos dos que estão nesta fase chegam a marcar data para fumar o último cigarro. Mas a etapa mais difícil é mesmo a Fase de manutenção, porque muitos hábitos associados ao fumo precisam ser modificados.

Agora, se houver recaídas, não há problema. A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que os fumantes fazem, em média, três ou quatro tentativas antes de conseguir parar de fumar definitivamente.

Por Dr. Drauzio Varella - Do Fantástico