A capacidade de iniciar esse processo está ligada à maneira como nos posicionamos frente ao desconhecido. Nós o abraçamos ou tentamos controlar suas manifestações? É preciso entender bem esse ponto, pois é onde a ilusão da previsibilidade se manifesta. Quanto mais previsível, menor o risco. Parece óbvio, mas essa ponderação esconde um engano comum. Isso porque risco mínimo pressupõe conhecer o caminho, o método, o processo e todos os aspectos ligados às ações e às decisões. Assim, se sabemos como começa e termina, não corremos riscos.
E isso é ruim? Pode ser. Negócios 100% previsíveis são estacionários. O desconhecido é o campo onde a inovação acontece. É a terra das possibilidades. A capacidade de correr riscos, um dos poderes atribuídos aos empreendedores, significa jogar nesses domínios incertos, aceitar o imponderável, cair, levantar-se, aprender, corrigir e criar. Por mais paradoxal que possa parecer, os empresários mais bem-sucedidos não chegaram aonde queriam. Foram mais longe. Isso porque, se o fim é desconhecido, o empreendedor determina onde vai parar.
Em uma entrevista à Business Week, em 1998, Steve Jobs sentenciou: “Muitas vezes, as pessoas não sabem o que elas querem até que você mostre a elas”. Na década que se seguiu, o fundador da Apple levou ao estado de arte essa visão. Nada de simplesmente melhorar o que já existe. A companhia americana se habituou a criar novos mercados.
Como todo poder, a capacidade de correr riscos tem de ter controle. Caso contrário, pode ser destrutiva. O empreendedor tem de saber avaliar o que é uma disruptura criativa ou uma simples aposta. Ou quando está sendo irresponsável em lugar de ousado. Correr riscos, em última instância, é a capacidade de acreditar na criatividade. E, posteriormente, aprender e evoluir sem medo de ir além.
Por Sérgio Tauhata