quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Agricultura deve assumir papel de mitigadora dos efeitos do clima


A agricultura brasileira tem uma nova agenda para o futuro e ela será regida pelas mudanças no clima já previstas pelo Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC), braço da ONU que prevê aumento de até 5ºC na temperatuira mundial até 2050. Este foi o assunto discutido na manhã desta terça-feira (6/9) no Fórum Internacional de Estudos Estratégicos Para o Desenvolvimento Agropecuário e respeito ao Clima (Feed 2011), promovido pela Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA). Para André Nassar, diretor do Instituto de Estudo do Comércio e Negociações Internacionais (Icone), o desafio que o planeta enfrentará com temperaturas mais altas pode se transformar em oportunidades para encontrar novas tecnologias e modelos de produção para superar o problema apontado pelos cientistas.

Segundo Nassar, a agricultura brasileira não estará vulnerável se assumir o papel de colaboradora na mitigação dos efeitos do clima. Segundo as pesquisas do Icone, o país não precisará expandir suas fronteiras agrícolas como no passado, provocando o desmatamento das florestas, responsável pela emissão de CO2, um dos gases de efeito estufa. “Produzir alimentos com mais eficiência para uma população mundial que chegará a 9 bilhões de pessoas em 2050 será a nova meta dos produtores”, afrima.

O déficit do país de 43 milhões de hectares de Áreas de Proteção Permanente (APP) e de 42 milhões de hectares de Reserva Legal, de acordo com Nassar, pode ser revertido pelos produtores rurais a partir de pagamentos de serviços ambientais já existentes em algumas regiões do país. “A recuperação destas áreas é uma outra forma de a agricultura contribuir com a sustentabilidade”, diz. Em sua opinião, o setor tem consciência da necessidade de uma mudança no uso da terra.

O secretário do Ministéro das Relações Exteriores, Ciro Marques Russo, avalia que a agricultura é uma das atividades mais vulneráveis aos efeitos das mudanças climáticas. Por isso, defende o investimento em tecnologias que contribuam com a segurança alimentar no mundo e que deem continuidade à importância do setor no desenvolvimento econômico. “Produzir mais e emitir menos CO2 é o desafio do século”, afirma.

Do Globo Rural