segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Tecnologia aumenta a produtividade do café


Estudo confirma ganho de cerca de 60% se o grão for submetido a uma ausência extrema de água

Depois de 12 anos, a Embrapa Cerrados, unidade da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, concluiu a pesquisa sobre café. O projeto confirmou o aumento da produtividade do café, em cerca de 60%, sem o uso de irrigação.

A técnica desenvolvida consiste em deixar o grão sem água, na condição de estresse hídrico durante um período de 72 dias, sendo o período ideal entre 24 de junho e 4 de setembro. Nesta situação, a floração se dá de maneira uniforme e os grãos cereja aparecem ao mesmo tempo. Com a irrigação convencional, 25 a 30% da floração é simultânea. Já com o método desenvolvido, esta faixa passa para 85 a 95%.

O modelo promove a queda no custo da produção. Cerca de 35% de água e da energia necessária para irrigação são economizadas. Além disso, o custo de operação da colheita cai de 40 a 45%. Para o coordenador da pesquisa, Antônio Guerra, trata-se de uma ótima alternativa ao produtor. “Não há necessidade de investimento e é possível usar a água economizada para outras finalidades”, explica. O pesquisador é engenheiro agrícola e especialista em engenharia de irrigação.

Cafeicultores da Bahia, de Goiás e Minas Gerais participaram da pesquisa e já utilizam a técnica. Há a estimativa que cerca de 36 mil hectares de café sejam cultivados com o método. O produtor Guy Carvalho utiliza o período de estresse hídrico há 5 anos e confirma a eficácia. “Melhorou a qualidade do nosso café e colaborou com a produtividade”, comemora.

A pesquisa foi desenvolvida por uma equipe multidisciplinar com especialistas em engenharia agrícola, fisiologia da planta, nutrição, agronomia, controle de pragas e doenças, que analisaram todos os aspetos do sistema. A Embrapa recebeu apoio de universidades, produtores, empresas privadas e instituições. “O trabalho em conjunto foi fundamental para que o projeto fosse viabilizado”, afirma o coordenador Antônio Guerra.

Por Globo Rural On-line