terça-feira, 23 de agosto de 2011

Superarroz combate anemia


Em projeto piloto no Ceará, o índice de anemia em crianças que receberam o superarroz caiu de 27% para 11%

Estima-se que 2 bilhões de pessoas no mundo sofram de deficiência de micronutrientes e que a desnutrição promova uma redução de 2% no Produto Interno Bruto (PIB) de países em desenvolvimento. Para tentar mudar esses índices no país, está desembarcando por aqui o Ultra Rice – algo como “superarroz”, na tradução para o português. O produto nada tem a ver com engenharia genética: é uma massa feita com farinha de arroz e micronutrientes (ácido fólico, ferro, tiamina e zinco) e que ganha o formato de grãos de arroz.

A tecnologia, que vem sendo desenvolvida desde 1997 pela ONG Path (sigla em inglês para Programa de Tecnologia Apropriada em Saúde), chegou ao Brasil há um ano, sob a forma de um projeto piloto na rede pública de ensino de Sobral (CE). E já há resultados: os índices de anemia nas crianças que receberam o produto recuou de 27% para 11%. Além disso, municípios de Mato Grosso do Sul e São Paulo devem servir o arroz fortificado na merenda escolar. “A iniciativa envolve 60 mil crianças, mas a meta é alcançar 10 milhões de brasileiros”, afirma Dipika Matthias, diretora do Ultra Rice.

O arroz fortificado é consumido misturado ao convencional, na proporção de um para 100 (1:100), mantendo-se a forma de preparo. Em termos de aroma, sabor e textura, o resultado final é semelhante ao do arroz comum.

Os benefícios do Ultra Rice estão relacionados à prevenção de doenças causadas pela falta de micronutrientes na dieta, a exemplo da deficiência de ferro, que pode resultar em dificuldades de aprendizado; de zinco, que causa diarreia; de tiamina e ácido fólico, que pode levar ao retardo no crescimento intrauterino e à deformação de bebês em mulheres grávidas, respectivamente.

Por ora, apenas a empresa de massas Adorella, de Indaiatuba (SP), fabrica o Ultra Rice no Brasil. Mas a Path está em conversações com moinhos e redes varejistas de alcance nacional e a expectativa é que novos contratos sejam fechados em seis meses. A Universidade Federal de Viçosa (UFV), em Minas Gerais, será a responsável por transferir a tecnologia de produção e auxiliar na certificação de qualidade do arroz produzido.

Como, a princípio, o Ultra Rice é fabricado em pequenas quantidades, o preço é 5% maior que o do arroz comum. Mas, com a entrada de novos produtores, a diferença pode cair para 1% ou 2%.

Por Mariana Caetano