sábado, 13 de agosto de 2011

Pressionada, Polícia Federal ameaça greve



A pressão sobre a Polícia Federal depois dos supostos “excessos” que a entidade teria cometido na Operação Voucher indignou os servidores a ponto de uma greve estar entre os planos da categoria para os próximos dias. Logo após a operação, o PMDB, comandante do Ministério do Turismo, alvo da operação, começou a grita. Os principais nomes do partido, como o vice-presidente da República, Michel Temer, estavam entre aqueles que falaram sobre prisões injustas e exposição dos detidos. O Planalto também manifestou inquietação e o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, o chefe da PF, questionou a entidade sobre os excessos. Foi a gota d’água para provocar uma reação dos policiais, que há anos reclamam dos cortes no orçamento, da estagnação dos salários e da falta de concursos públicos.

O Globo conta que pelo menos três entidades de classe da PF emitiram um comunicado que ameaça a greve:

Há entre os policiais federais o sentimento de que o ministro da Justiça tem sido tímido em defender as necessidades orçamentárias da PF, piorando a situação quando a critica na questão do uso de algemas. “O ministro da Justiça não tem feito a defesa do orçamento da polícia, dos concursos que precisa. E no momento que o ministro tem oportunidade para fazer isso [a defesa da PF], ele critica”, diz o presidente da Fenadepol, Antônio Góis, para quem as críticas na Operação Voucher podem contribuir com a paralisação: “A polícia, sofrendo um processo de vitimização, aumenta a disposição para a mobilização”.

Na noite de quinta, a PF divulgou nota oficial afirmando que “não se constatou qualquer irregularidade no uso das algemas que possa justificar a instauração de Procedimento Disciplinar”.

Por sua vez, o ministro da Justiça também manifestou indignação, mas com as cobranças feitas pelo PMDB. Na quinta-feira, o presidente do partido, senador Valdir Raupp (RO), disse que era difícil de acreditar que Cardozo não sabia da realização da Operação Voucher. Ao Estadão, Cardozo afirmou que os pedidos do PMDB para que a PF fosse controlada são absurdos.

“Causa estranheza que imaginem que o ministro da Justiça deva cometer um crime para fazer o controle político da execução de uma ordem judicial”, afirmou Cardozo. “Já foi o tempo em que o Ministério da Justiça era conivente com violações do Estado de Direito.” (…) “Meu papel é zelar pela lei, pelo fiel cumprimento das ordens judiciais, pela defesa do Estado de Direito e não abrirei mão disso. Se alguém espera que o ministro da Justiça viole esse princípio, tem falsa ilusão. Cumprir a lei não é causa de descontrole”, insistiu Cardozo, negando ter sido repreendido por Dilma. “A presidente me disse para zelar pelo cumprimento da lei. Recomendou que, se houvesse abuso, eu apurasse e punisse.”

Por José Antonio Lima – Do Época