Vários eram os nomes cotados para assumir o Ministério da Defesa quando ficou claro que Nelson Jobim deixaria o posto. O do ex-chanceler Celso Amorim não aparecia em nenhuma delas, e sua escolha foi uma grande surpresa. Para a oposição e os militares, uma surpresa bastante ruim, já que as divergências desses setores com Amorim durante o governo Lula eram muitas. A relação próxima com Cuba, a tolerância à estridência do venezuelano Hugo Chávez e a canhestra aproximação com o Irã de Mahmoud Ahmadinejad estão entre os assuntos que mais causaram polêmica.
Diante de sua escolha, a reação foi imediata. O líder do DEM no Senado, Demóstenes Torres (GO), usou o Twitter para mostrar sua indignação.
O Brasil acaba de ter uma imensa e dupla perda: a saída de Jobim e a ascensão de Amorim, que vai apequenar a Defesa. Amorim foi o chanceler que envergonhou o Brasil em todo o mundo, apoiando ditaduras, armando e caindo em ciladas. Amorim é um fanático de esquerda, daquela esquerda que só fica contente com trapalhadas e ditaduras.
Uma reportagem do Estadão mostra que, nas Forças Armadas, a reação foi ainda pior. Os militares afirmam que “o dedo de Lula” está por trás da escolha e prometem acatar as ordens da presidente Dilma Rousseff, mas alguns parecem perto da histeria.
O maior desafio para os militares é que, durante todo o governo Lula, Celso Amorim usou a ideologia para tomar decisões e conduzir a política externa brasileira. Além disso, Amorim priorizou a relação com Fidel Castro, de Cuba, e Hugo Chávez, da Venezuela, além de Mahmmoud Ahmadinejad, do Irã. “Ele colocou o MRE a serviço do partido”, salientou outro militar, acrescentando que temem, por exemplo, a forma de condução do programa nuclear brasileiro. Isso porque Amorim sempre defende, segundo esses oficiais, posições “perigosas” no que se refere aos programas de pesquisa que constam nos planos das Forças Armadas. Outro oficial salientou ainda que, em vários episódios, Jobim, saiu em defesa dos militares, inclusive contra a posição de Amorim. “E agora, quem nos defenderá?”, observou ele, acrescentando que temem até o risco de uma certa politização do processo de promoção dos militares.
Qualquer analista político iniciante identificaria as grandes resistências ao nome de Amorim na oposição e entre os militares. Assim, é um tanto óbvio que a presidente Dilma Rousseff poderia imaginar a reação. Em um governo que ainda não completou seu primeiro ano e que tem diversas missões duras pela frente, trazer um nome gerador de polêmicas é uma decisão bastante estranha.
Da Agência Brasil - Por José Antonio Lima