quinta-feira, 28 de julho de 2011

Depressão é mais frequente nas mulheres, também no Brasil


A depressão, um dos mais comuns transtornos mentais, resulta, muitas vezes, em incapacidade funcional. Um estudo brasileiro avalia se ela é mais frequente nas mulheres

Os transtornos mentais afetam 25% da população em alguma fase da vida, repre­sentando quatro das dez principais causas de incapacidade em todo o mundo. Os distúrbios mais comuns são transtornos depressivos, transtornos de uso de substâncias químicas e esquizofrenia. Segundo alguns autores, a depressão deverá ser a segunda doença mais comum no ano de 2020, sendo superada apenas pelas doenças cardíacas. E as mulheres são mais susceptíveis de apresentarem o problema. Um estudo nacional investigou a prevalência de sintomas depressivos e dos fatores associados em uma população adulta do sul do Brasil.O estudo de base populacional incluiu 972 indivíduos, de ambos os sexos, com idades entre 20 e 69 anos, moradores na zona urbana de Pelotas, no Rio Grande do Sul. Entre os resultados mais importantes destacam-se as altas prevalências dos sintomas depressivos tristeza, ansiedade, falta de energia, falta de disposição, pensar no passado e preferir ficar em casa, que variaram de 30% a 57%. Em acordo com dados de pesquisas prévias, nacionais e internacionais, observou-se que os indivíduos do sexo feminino, idade avançada, hábito de fumar e obesidade são fatores que se associam à maioria dos sintomas depressivos. O maior risco de sintomas depressivos no sexo feminino, já a partir da adolescên­cia, é um fenômeno bastante conhecido. E a explicação não está no fato de que a depressão é mais diagnos­ticada em mulheres porque elas procuram mais os serviços de saúde. Neste estudo nacional, por exemplo, as entrevistas foram feitas nos domicílios da comunidade. Talvez, a explicação esteja mesmo nas questões socioculturais, relacionadas com as experi­ências adversas e atributos psicológicos e fisiológicos associados com maior vulne­rabilidade a eventos estressantes. Ou seja, é determinado por aspectos psicológicos e biológicos que se mesclam na gênese da depressão feminina.

Mas é justamente este reconhecimento que pode permitir o diagnóstico precoce e a adoção de medidas eficazes, preventivas e terapêuticas. E para quem considera isso uma desvalorização, vale lembrar que no caso da depressão, não se trata de ser pior que os homens, mas sim, de serem diferentes. (Rombaldi et al. Prevalência e fatores associados a sintomas depressivos em adultos do sul do Brasil: estudo transversal de base populacional.. Rev. Bras. Epidemiol. 2010, 13(4):620-629).