domingo, 5 de junho de 2011

Nós lavamos mais as mãos


maior estudo já feito sobre comportamento em higiene mostrou que o brasileiro se preocupa com a higiene pessoal e doméstica e é um dos que menos contrai infecções por contaminação no mundo

Uma pesquisa feita com 13 países mostrou que ainda temos uma herança indígena forte quando o assunto é higiene. Cerca de 12 mil pessoas do Reino Unido, Canadá, Brasil, Estados Unidos, África do Sul, França, Alemanha, Malásia, Austrália, China, Índia, Arábia Saudita e Emirados Árabes responderam a um questionário de 119 perguntas, relacionadas aos hábitos de limpeza das mãos, faxina, preparação, manuseio e armazenamento de alimentos e histórico de doenças. As pessoas deveriam concordar ou não com afirmações como "Demora muito tempo para lavar minhas mãos com sabonete cada vez que eu cozinho", ou "Se estiver com fome, geralmente não me preocupo em lavar as mãos antes de comer", ou dizer a frequência com que elas limpavam a cozinha ou o banheiro. Brasil e Alemanha tiveram os melhores índices de higiene, sendo que os brasileiros apresentam a menor frequência de gripe e diarréia (confira mais dados no infográfico abaixo).

O estudo, conduzido pelo Global Hygiene Council, foi divulgado na semana passada e é o maior já feito sobre hábitos de higiene e saúde. Ele sugere que os brasileiros lavam mais as mãos – uma das melhores maneiras de prevenir infecções por contaminação – justamente porque acham que estão mais suscetíveis às infecções. Os brasileiros são, também, os que menos apresentam doenças infecciosas. Lavar as mãos com frequência, aqui, significa mais de cinco vezes ao dia. Se contarmos as vezes que vamos ao banheiro por dia e as três refeições diárias básicas, esse número é até pequeno. É grande a quantidade de brasileiros que sente culpa se sair do banheiro sem lavar as mãos: 81% – por isso 80% se obrigam a fazê-lo.

Entre os resultados gerais, a pesquisa mostrou que as pessoas que lavam as mãos são cerca de dez vezes mais higiênicas, muito provavelmente porque seus hábitos estão automatizados, fazem parte da rotina. As pessoas organizadas são mais higiênicas que as bagunceiras. Já as pessoas mais frágeis e/ou sensíveis e nervosas desenvolvem 10% mais gripe (seguida de febre) e diarréia do que as calmas.

Quem tem bons hábitos de higiene pessoal possui baixa probabilidade de contrair resfriados e diarréia, resultando em quase três vezes mais chances de ter uma boa saúde. Na visão do virologista John Oxford, presidente do Global Hygiene Council e diretor do Retroscreen Virology e do Hospital Real de Londres, as determinantes para uma boa higiene e, consequentemente, uma boa saúde são hábito, consciência dos benefícios, boas maneiras (como cobrir a boca para tossir) e organização. Automatizar os hábitos é a melhor maneira para mudar o comportamento. "Fiquei maravilhado com as crianças aqui no Brasil escovando os dentes logo após o almoço, na escola", ele disse.


LAURA LOPES E DAVID MICHELSOHN (INFOGRAFIA) - Do Época