Uma pesquisa realizada por especialistas do Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA) detectou que exercitar-se regularmente pode baixar o nível de glicose no sangue de pacientes com diabetes tipo 2 com a eficácia de um medicamento. Quando a prática é orientada os resultados são o dobro dos encontrados em quem pratica atividade por conta própria.
As conclusões do grupo de pesquisadores ganharam destaque na Journal of the American Medical Association, uma das principais revistas de divulgação da Associação Médica Norte-americana.
Ao revisar mais de 4 mil estudos publicados nos últimos anos e analisar detalhadamente 47 casos, os médicos gaúchos concluíram que qualquer tipo de trabalho físico ajuda a combater o diabetes tipo 2 – seja aeróbico, musculação ou uma combinação de ambos. Os médicos recomendam pelo menos 150 minutos semanais de exercícios orientados – cerca de duas horas e meia.
O maior benefício, entretanto, é atingido quando o paciente se exercita sob supervisão especializada. "Nesse caso, verificamos que a queda na glicose equivale à provocada quando incluímos um segundo remédio no tratamento dos pacientes", afirmou o cardiologista Jorge Pinto Ribeiro, do HCPA.
De acordo com a equipe gaúcha, um segundo medicamento excedente – aplicado geralmente para potencializar o tratamento – pode ser substituído por uma rotina bem orientada de caminhadas, corridas ou flexões. Quando o paciente faz atividades por conta própria, também consegue reduzir o nível de glicose, mas o benefício cai pela metade.
"Um especialista americano, que escreveu um editorial para o jornal da American Medical Association sobre o nosso artigo, chegou a sugerir que o governo de lá ajudasse a financiar programas de exercícios para a população", explicou a coordenadora do estudo, a endocrinologista Beatriz Schaan.
Também participaram do trabalho os endocrinologistas Jorge Luiz Gross e Mirela Azevedo, os alunos de pós-graduação Carolina Kramer e Daniel Umpierre. O controle da glicose é fundamental para evitar complicações do diabetes, que podem afetar coração, circulação, rins e olhos.