Estudos mostram que felicidade, otimismo e fé agem como um escudo contra as doenças
Muito alardeada nos últimos anos, a influência dos sentimentos sobre a saúde vem sendo comprovada por uma infinidade de pesquisas científicas. Os estudos mostram que tanto as emoções positivas como as negativas podem atuar no surgimento de doenças ou preservar a saúde e, ainda, interferir nos tratamentos.
Segundo o médico Mario Alfredo de Marco, coordenador do serviço de atenção psicossocial integrada em saúde da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), entre as emoções mais nocivas ao organismo estão a frustração, a raiva e o ódio. “Por outro lado, tem a pessoa deprimida, desanimada, desmotivada também, cujos sentimentos podem influenciar (em conjunto com outros fatores de risco) o surgimento de algumas doenças”, esclarece o médico.
Em contrapartida, estudos revelam a cada dia a força das emoções positivas. Felicidade, otimismo e fé (espiritualidade) agem como um escudo contra as doenças.
“As pesquisas avançam regularmente. Foi até criado o termo ‘psiconeuroimunologia’ para definir o ramo que estuda as relações entre as emoções, o sistema nervoso e as funções orgânicas, como a imunidade”, revela a professora de fisiologia humana Roberta de Medeiros, do Centro Universitário São Camilo.
Ela afirma que estudos mostram a cada dia que somos seres absolutamente integrados e que emoções e pensamentos influem na química, nos hormônios e no funcionamento do sistema imunológico e vice-versa. Atualmente, já é possível demonstrar, por meio da fisiologia, como o comportamento de células e os neurotransmissores (mediadores químicos), entre outros, são afetados pelas emoções.
Outros culpados
De modo geral, os sentimentos podem exercer influência sobre o colesterol, o metabolismo (sobretudo interferindo na obesidade), as doenças coronárias, a hipertensão, os problemas gástricos e de pele, o sistema imunológico e as produções hormonais. Mas os médicos pedem cautela na relação entre emoções, estresse e doenças.
O coordenador da Unifesp explica que a emoção não é a única responsável pelo surgimento de uma enfermidade. “Um conjunto de fatores colabora para a formação da doença, entre eles a genética, os aspectos biológicos, psicológicos e sociais e as disposições do indivíduo”, explica.
Para exemplificar, o médico cita o mecanismo da gripe: “ter o vírus é a condição necessária para se ter gripe, mas não suficiente. Há também a resistência do organismo e os fatores alimentares que podem estar envolvidos no surgimento da doença”. Essa integração também vale para transtornos do humor. “A depressão é uma alteração dos neurotransmissores, mas que acontece em função das emoções que uma pessoa experimenta (ou vice-versa)”, acrescenta.
O médico chama a atenção para o fato de as emoções não serem vividas apenas na cabeça, mas também no corpo. Ou seja, elas geram uma resposta fisiológica. “Por exemplo, quando você fica com raiva, a pressão sobe e o sangue circula mais rápido”, descreve. Isso torna o organismo mais suscetível às doenças.