Na Fundação Dom Cabral, a novidade são as mentorias: uma delas, iniciativa da própria escola, conta com executivos voluntários para aconselhar as alunas, a outra, financiada pelo banco americano, vai oferecer consultoria àquelas cujos empreendimentos revelem maior potencial de crescimento. “Tratamos a parte profissional, mas o curso muda a vida delas, o conhecimento gera empoderamento, eleva a auto-estima e tem impactos além das empresas”, afirma Marcele Gama Viana, gerente do programa na Fundação Dom Cabral. Para muitas alunas, mesmo tocando seus negócios há anos, a gestão era uma palavra abstrata. “Nunca tinha ouvido falar disso”, conta Rosangela das Graças Costa Matos, a Zaza, proprietária de um salão de beleza em Floramar, bairro da zona norte de Belo Horizonte. Manicure desde pequena, ela deixou os estudos aos 18 anos, mas completou o ensino médio. Fez um curso profissionalizante e começou a trabalhar por conta quando era recém-casada. “Meu marido comprou uma cadeira, um espelho e um lavatório e logo fiquei conhecida no bairro”, relembra, emocionada. Tinha apenas 22 anos, e dois anos depois já bancava sozinha o aluguel da primeira loja. O negócio cresceu, ela montou um salão maior e mais arrumado, em uma rua pouco movimentada. O erro quase custou a falência em 2003 e a fez voltar com escovas e tesouras para um cômodo dentro de casa. Hoje, Zaza aluga um imóvel na avenida principal de Floramar e conta com quatro funcionárias. Tocando os negócios por instinto, já aproveitou muito os conteúdos do curso. “Não tinha um cadastro de clientes. Criei uma comanda que sistematiza os serviços prestados e me resolve vários problemas, da coleta de dados à cobrança”, conta Zaza, que bolou um cartão fidelidade e fez cartões de visita usando as próprias clientes como modelo “para mostrar o trabalho real”. As fotos também figuram no letreiro em frente ao salão, que nem placa tinha. “Na aula de marketing caiu a ficha: quem passava pela rua não sabia nem o que funcionava ali.” Além de ampliar o atual espaço, oferecendo uma área exclusiva para noivas, ela planeja abrir outro instituto de beleza em Lagoa Santa, onde mora há cinco anos. “Descobri que a empresa dá lucro e pode crescer, só preciso aprender o planejamento financeiro.”
Por Maggi Krause - Do PEGN