Cintia Sanches viajou para a Índia e o Nepal em busca de um rumo para sua carreira, mas foi assistindo a um filme antigo na sala de casa que veio a ideia de montar a Chocolat Des Arts
A empreendedora Cintia Sanches, 43 anos, viajou para o Nepal e a Índia na tentativa de encontrar uma fonte de inspiração para sua vida profissional. Mas não foi do outro lado do mundo que ela encontrou um rumo para sua carreira e sim numa jornada bem mais curta, de pouco mais de duas horas, assistindo ao filme “Chocolate”. Das cenas com Juliette Binoche e Jonny Depp surgiu a ideia de abrir uma chocolateria, a Chocolat Des Arts, que produz chocolates artesanais com produtos naturais.
Antes de abrir as portas do negócio, no entanto, muita coisa aconteceu na vida de Cintia. Em 2002, quando era executiva de marketing de uma grande corporação, ela viu seu casamento chegar ao fim. Com isso, focou suas energias na carreira profissional, até que em 2006 percebeu que o trabalho naquele modelo não a realizava mais. “Eu não tinha mais prazer no mundo corporativo”, conta. Acometida por problemas respiratórios e fatiga mental, Cintia sentiu que precisava dar um tempo e pediu demissão.
Na mesma época, viu uma reportagem sobre meditação em uma revista de viagens. “O jornalista inglês autor do texto descrevia o processo de meditação como uma turbulenta cachoeira que acaba em um plácido lago”, lembra. Com essa imagem na cabeça, Cintia decidiu viajar para o Nepal para estudar meditação. Deixou seu único filho com o ex-marido e passou 45 dias no país em um mosteiro indicado por amigos. Depois, esticou a viagem e passou duas semanas na Índia para conhecer como acontece a produção de chá, um interesse pessoal de longa data.
Ao voltar para o Brasil, a empreendedora sentiu-se revigorada, mas ainda não sabia o que fazer com sua vida profissional. Foi nesse exato momento que o filme “Chocolate” ressurgiu em sua vida. Na trama, a andarilha Vianne (Juliette Binoche) chega a uma ortodoxa vila francesa e abre uma loja de chocolates artesanais. “Pensei que seria um ótimo negócio”, afirma Cintia. Com a ideia em mente, teve início a fase de estudo de mercado. “Visitei mais de 16 chocolateiras em países como França, Bélgica e Estados Unidos”, diz a empresária.
Além de pesquisar o mercado, Cintia achou importante conhecer os processos de produção do chocolate. Por isso fez dois cursos sobre o assunto, um de 25 dias nos Estados Unidos e um de quatro meses no Canadá. “Eu sabia que não seria uma chef, mas precisava entender o que estava fazendo”, fala rindo. Foi assim que a Chocolat Des Arts abriu as portas em abril de 2008, no nobre bairro da Vila Nova Conceição, em São Paulo, com um investimento inicial de R$ 600 mil.
Interior da loja Chocolat Des Arts
Arte no chocolate
No meio da loja da Chocolat Des Arts, misto de coffee shop e empório, uma árvore de cacau dá um toque brasileiro e um aroma particular que aguça o apetite da clientela. A música calma completa o ambiente.
As linhas de produtos criadas para a loja são inspiradas em movimentos artísticos. “A coleção inspirada no impressionismo usa especiarias vindas do Marrocos e chá branco, resultado das influências orientais nessa corrente”, explica a empresária. Cada chocolate é pintado como uma obra de arte e as caixas acompanham um panfleto com explicações sobre o movimento.
Todos os produtos são feitos com ingredientes naturais em uma cozinha industrial instalada no próprio local. A empreendedora só usa chocolates do tipo gourmet, tanto brasileiros quanto importados. Para completar o mix de produtos, a loja também comercializa uma grande variedade de chás.
Expansão
A Chocolat Des Arts começou produzindo 5 mil bombons por mês e hoje já chega à marca de 15 mil unidades mensais. Em dezembro de 2010, Cintia começou a vender também pela internet e passou a entregar seus produtos para o Brasil inteiro. Para isso desenvolveu caixas térmicas especiais para o transporte e preservação do chocolate.
O próximo passo, segundo a empresária, é abrir filiais. “Nós já começamos a ser procurados por shopping centers interessados na marca. Tenho certeza de que seremos uma grande rede”, afirma.
Por Rafael Farias Teixeira - Do PEGN