Memórias emocionais ruins e que as pessoas tentam esquecer podem ser as mais difíceis, especialmente se elas tiverem algum tipo de associação visual, afirma um novo estudo da Universidade da Carolina do Norte, publicado no Journal of Experimental Social Psychology.
“Quando você está assistindo às notícias e vê algo sobre tragédias, essa informação chega a você com mais intensidade do que se você estivesse apenas lendo sobre a situação” diz Keith Payne, autor principal do estudo. Esquecer informações é uma atividade exercida pelo cérebro que é resultante de uma evolução adaptativa que nos faz descartar informações neutras como um número de telefone de um amigo que não se vê há algum tempo ou nos confundir sobre o horário de uma reunião. O esquecimento intencional ajuda nossa memória a captar melhor novas informações.
Mas Payne e seus colegas descobriram que eventos emocionais, que até poderiam não ser tão traumáticos assim, como se lembrar de uma prova na qual você teve notas baixas ou um comentário negativo feito por alguém, podem ser mais difíceis de esquecer.
Quando as pessoas estão tentando, intencionalmente, esquecer algo, procuram separar esse acontecimento da memória e bloquear a informação que se quer esquecer. Entretanto, a emoção ligada ao acontecimento fura ambos os bloqueios. “As emoções conectam diversas informações e eventos da sua vida, então é mais difícil isolá-los uns dos outros. Por mais que você bloqueie um evento, uma determinada emoção o traz à tona rapidamente”, afirma Payne.
Os resultados contrastam com diversos estudos sobre eventos emocionais e esquecimento intencional, mas todos eles usavam palavras como estímulo (“morte” ou “sexo”, por exemplo).
“A palavra ‘assassinato’ pode ou não deixá-lo amedrontado, mas se você visualizar uma figura que remeta à violência, pode ter uma resposta emocional intensa” exemplifica Payne. Os participantes do estudo não conseguiam bloquear as memórias que eram ativadas pelas imagens, mesmo as menos importantes, independentemente de serem lembranças positivas ou negativas.
“Não estamos afirmando que não é possível esquecer ou superar eventos traumáticos. Com a habilidade e o aconselhamento profissional adequado é possível superar esses eventos. Nosso trabalho agora é tentar entender quais tratamentos e estratégias podem ser mais efetivos para ajudar as pessoas a voluntariamente esquecer memórias indesejadas” finaliza.