Praticar atividades que dêem prazer ajudam a compensar a falta de alimentos
A nutricionista responsável pelo programa Dieta e Saúde Roberta Stella tem uma explicação científica para as mudanças de humor causadas por dietas restritivas. Segundo ela, estudos sugerem que a serotonina, um neurotransmissor do sistema nervoso central associado à sensação de bem-estar, contribui para a saciedade atingida após uma refeição. Uma pesquisa mostrou que um plano alimentar contendo, por exemplo, mil calorias diárias e baixo teor de carboidratos (pão, bolacha, aveia, barra de cereal, macarrão, arroz, batata e tudo que contenha farinha de trigo) afeta o nível de serotonina no cérebro de mulheres saudáveis. Isso dificultaria a obtenção de saciedade, o que as deixaria de mau humor durante a dieta.
A anemia pode ser outro motivo de problema em regimes rígidos. A doença é causada por deficiência de ferro, encontrado em alimentos como carne vermelha, peixe, agrião, couve, feijão, grão-de-bico, lentilha e açúcar mascavo. "Por incrível que pareça, é mais comum nos obesos do que em pessoas com o peso saudável e pode gerar um tremendo cansaço e alterar muito o humor", explica a nutricionista Ligia Henriques. Retenção de líquidos, prisão de ventre e falta de outros nutrientes importantes como cálcio, magnésio e fósforo também podem atrapalhar o humor.
Do ponto de vista psicológico, isso se deve ao fato de que no ato de comer existe a satisfação imediata de um prazer, explica a psicóloga Ana Kiyan. "Ainda mais quando a vida está chata, com poucas compensações, ingerir alimentos, especialmente calóricos, alegra a vida instantaneamente", afirma. Além disso, restrição acentuada na dieta exige um sacrifício disciplinar alto. "Por causa da tendência anterior de exagero na alimentação, o corpo ficará pedindo satisfação o tempo todo, levando o indivíduo a manter um constante duelo consigo mesmo".