WASHINGTON, (AFP) - Um homem americano está livre do HIV mais de três anos depois de receber um transplante de células-tronco, o que seria o primeiro caso de cura do vírus causador da Aids, afirmaram médicos alemães nesta quarta-feira.
Embora a técnica de tratamento altamente letal aplicada no homem, conhecido como "paciente de Berlim", possa não funcionar para a maioria das 33 milhões de pessoas que vivem com HIV em todo o mundo, os cientistas afirmam que a pesquisa revela um avanço importante na direção de uma cura universal.
"Nossos resultados sugerem fortemente que a cura para o HIV foi alcançada neste paciente", destacaram os cientistas no estudo, divulgado na publicação especializada Blood, da Sociedade Americana de Hematologia.
O procedimento começou em 2006, quando um homem americano na casa dos 40 anos, soropositivo há mais de dez, procurou tratamento para leucemia mielóide aguda, uma forma letal de câncer no sangue.
Depois que uma primeira rodada de quimioterapia fracassou, o médico alemão do paciente, Gero Hutter, pensou na possibilidade de realizar um transplante de medula utilizando como doador o portador de uma rara mutação genética que o torna naturalmente resistente ao HIV.
Um por cento da população tem a mutação que evita que a molécula CCR5 apareça na superfície das células.
Uma vez que o HIV penetra na célula através das moléculas CCR5, quando elas estão ausentes, o HIV não consegue entrar.
O procedimento não foi fácil, mas depois de rejeitar dúzias de doadores potenciais, Hutter finalmente encontrou alguém compatível e realizou o transplante de medula usando células-tronco do doador resistente ao HIV em fevereiro de 2007.
O primeiro estudo de Hutter, publicado no New England Journal of Medicine em 2009, não demonstrou sinais de que o HIV tivesse ressurgido mesmo após o paciente suspender a terapia com antirretrovirais para controlar a infecção.
As últimas descobertas mostram que, três anos depois, o paciente continua sem vestígios, tanto do vírus causador da Aids quanto da leucemia.
Mas, em vista de que cerca de 30% dos pacientes morrem enquanto aguardam para realizar transplantes de medula, especialistas no tratamento da Aids pediram cautela.
"Penso que precisamos realizar muito mais pesquisas para tentar replicar isto sem colocar em risco a vida do paciente", disse Karen Tashima, diretora do Programa de Testes Clínicos de HIV do The Miriam Hospital, em Rhode Island.
"Já que temos uma boa terapia antirretroviral capaz de controlar o vírus, seria antiético submeter alguém a um tratamento tão extremo", acrescentou.
Além disso, a cientista chefe do estudo, Kristina Allers, reconheceu que o procedimento poderia não funcionar para a maioria das pessoas.
"Entretanto, uma vez que o estudo nos diz que a cura do HIV é, em princípio, possível, ele dá novas esperanças aos cientistas nas pesquisas de uma cura para o HIV", disse Allers.
"Assim, o próximo desafio é traduzir nossas descobertas em uma estratégia capaz de ser aplicada sem trazer ameaças à vida", acrescentou.
Na verdade, cientistas americanos já trabalham em meios de replicar o mesmo processo em células, sem correr os mesmos riscos.
"Estou muito contente com isto", disse David Baltimore, co-ganhador do Nobel de Medicina em 1975.
Baltimore é o fundador de uma empresa de biotecnologia que trabalha no desenvolvimento de seu próprio tratamento de células-tronco para HIV/Aids, cujo funcionamento é homólogo ao desenvolvido pela equipe alemã, e está em processo de organização de testes clínicos, afirmou.
"O que estamos tentando fazer é tratar as próprias células de um paciente de forma que não haja problemas imunológicos", explicou.
Jay Levy, pesquisador de câncer e Aids na Universidade da Califórnia em San Francisco, descreveu a última pesquisa como uma evidência de "cura funcional".
"Quero dizer que uma pessoa não é suficiente. É um primeiro passo encorajador, mas é preciso realmente demonstrá-lo novamente", afirmou.
Levy e seus colegas também estudam formas de manipular as próprias células de um paciente a fim de que elas não externalizem os receptores que permitem a infecção pelo HIV, de forma muito similar à mutação nas moléculas CCR5.
"Três anos não são suficientes... Saberemos em 10 anos", disse Levy, em alusão à afirmação do estudo alemão de que a cura foi encontrada.
"É cedo demais para dizer que houve cura, mas meu Deus, eles fizeram um ótimo trabalho", emendou.
Embora a técnica de tratamento altamente letal aplicada no homem, conhecido como "paciente de Berlim", possa não funcionar para a maioria das 33 milhões de pessoas que vivem com HIV em todo o mundo, os cientistas afirmam que a pesquisa revela um avanço importante na direção de uma cura universal.
"Nossos resultados sugerem fortemente que a cura para o HIV foi alcançada neste paciente", destacaram os cientistas no estudo, divulgado na publicação especializada Blood, da Sociedade Americana de Hematologia.
O procedimento começou em 2006, quando um homem americano na casa dos 40 anos, soropositivo há mais de dez, procurou tratamento para leucemia mielóide aguda, uma forma letal de câncer no sangue.
Depois que uma primeira rodada de quimioterapia fracassou, o médico alemão do paciente, Gero Hutter, pensou na possibilidade de realizar um transplante de medula utilizando como doador o portador de uma rara mutação genética que o torna naturalmente resistente ao HIV.
Um por cento da população tem a mutação que evita que a molécula CCR5 apareça na superfície das células.
Uma vez que o HIV penetra na célula através das moléculas CCR5, quando elas estão ausentes, o HIV não consegue entrar.
O procedimento não foi fácil, mas depois de rejeitar dúzias de doadores potenciais, Hutter finalmente encontrou alguém compatível e realizou o transplante de medula usando células-tronco do doador resistente ao HIV em fevereiro de 2007.
O primeiro estudo de Hutter, publicado no New England Journal of Medicine em 2009, não demonstrou sinais de que o HIV tivesse ressurgido mesmo após o paciente suspender a terapia com antirretrovirais para controlar a infecção.
As últimas descobertas mostram que, três anos depois, o paciente continua sem vestígios, tanto do vírus causador da Aids quanto da leucemia.
Mas, em vista de que cerca de 30% dos pacientes morrem enquanto aguardam para realizar transplantes de medula, especialistas no tratamento da Aids pediram cautela.
"Penso que precisamos realizar muito mais pesquisas para tentar replicar isto sem colocar em risco a vida do paciente", disse Karen Tashima, diretora do Programa de Testes Clínicos de HIV do The Miriam Hospital, em Rhode Island.
"Já que temos uma boa terapia antirretroviral capaz de controlar o vírus, seria antiético submeter alguém a um tratamento tão extremo", acrescentou.
Além disso, a cientista chefe do estudo, Kristina Allers, reconheceu que o procedimento poderia não funcionar para a maioria das pessoas.
"Entretanto, uma vez que o estudo nos diz que a cura do HIV é, em princípio, possível, ele dá novas esperanças aos cientistas nas pesquisas de uma cura para o HIV", disse Allers.
"Assim, o próximo desafio é traduzir nossas descobertas em uma estratégia capaz de ser aplicada sem trazer ameaças à vida", acrescentou.
Na verdade, cientistas americanos já trabalham em meios de replicar o mesmo processo em células, sem correr os mesmos riscos.
"Estou muito contente com isto", disse David Baltimore, co-ganhador do Nobel de Medicina em 1975.
Baltimore é o fundador de uma empresa de biotecnologia que trabalha no desenvolvimento de seu próprio tratamento de células-tronco para HIV/Aids, cujo funcionamento é homólogo ao desenvolvido pela equipe alemã, e está em processo de organização de testes clínicos, afirmou.
"O que estamos tentando fazer é tratar as próprias células de um paciente de forma que não haja problemas imunológicos", explicou.
Jay Levy, pesquisador de câncer e Aids na Universidade da Califórnia em San Francisco, descreveu a última pesquisa como uma evidência de "cura funcional".
"Quero dizer que uma pessoa não é suficiente. É um primeiro passo encorajador, mas é preciso realmente demonstrá-lo novamente", afirmou.
Levy e seus colegas também estudam formas de manipular as próprias células de um paciente a fim de que elas não externalizem os receptores que permitem a infecção pelo HIV, de forma muito similar à mutação nas moléculas CCR5.
"Três anos não são suficientes... Saberemos em 10 anos", disse Levy, em alusão à afirmação do estudo alemão de que a cura foi encontrada.
"É cedo demais para dizer que houve cura, mas meu Deus, eles fizeram um ótimo trabalho", emendou.
Por Kerry Sheridan