segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Tecendo o futuro



Toneladas de sobras de tecidos são descartadas no país todos os meses.
A EcoSimple reaproveita essas aparas para criar um material reciclado de alta qualidade
Parece uma ideia simples: produzir e comercializar tecidos sustentáveis, que possam ser usados tanto na moda quanto na decoração. Mas foi preciso que três empresas diferentes - uma de fiação, outra de tecelagem e uma terceira focada em distribuição - se unissem para que surgisse a EcoSimple, especializada na reciclagem de tecidos. "Tem muita gente por aí que diz que faz tecido sustentável, mas não é verdade", diz Claudio Emídio Rocha, 40 anos, diretor comercial e um dos fundadores do negócio, com sede em Americana (SP). "Estão vendendo gato por lebre. O tecido da EcoSimple é feito com o mínimo de prejuízo para a natureza."
Para chegar a esse resultado, tiveram de superar alguns obstáculos. Foi necessário investir em novas tecnologias que adequassem a matéria-prima artesanal (aparas de tecido) ao processo industrial (tecelagem). Uma das soluções encontradas foi adicionar 15% de fibras de PET reciclado durante a fiação. "Dessa maneira, conseguimos fazer um fio mais resistente, pronto para o uso." Também foi realizado um trabalho de convencimento do mercado. "Muita gente pensa apenas no dia de hoje. Mas a indústria têxtil é uma das que mais agridem a natureza. Isso devia ser mais importante." Outro problema, segundo ele, é a falta de uma política de impostos adequada. "No setor têxtil não há isenções, como as que existem em outras atividades ligadas à reciclagem."
O negócio, que completou um ano de vida em setembro, deve faturar R$ 2,6 milhões em 2010 - em 2011, esperam chegar a R$ 12 milhões. "A tendência é de crescimento", diz Rocha. Recentemente, acertaram com o estilista Alexandre Herchcovitch a produção de uma linha de tecidos. Em breve a empresa deve fechar parcerias com duas importantes marcas de artigos esportivos


por Marisa Adán Gil