terça-feira, 23 de novembro de 2010

Emissões de carbono caem em 2009 mas voltam a subir em 2010, segundo estudo


Brasil precisa de US$ 20 bilhões por ano para reduzir emissões de gases

CINGAPURA (Reuters) - As emissões globais de dióxido de carbono devem alcançar um recorde em 2010, devido em grande parte ao crescimento da economia da China e da Índia e de sua dependência do carvão, de acordo com um estudo anual divulgado neste domingo.

O Projeto Global Carbono, um consórcio de organismos internacionais de pesquisa, disse também que as emissões globais caíram 1,3 por cento em 2009 em relação a 2008, graças à crise financeira global. Mas a queda foi menos de metade da redução estimada um ano atrás.

"A verdadeira surpresa é que esperávamos uma queda maior de emissões de combustíveis fósseis em função da crise financeira", disse Pep Canadell, diretor executivo do Projeto Global Carbono e um dos co-autores do estudo publicado na edição mais recente do periódico Nature Geoscience.

Os dados foram divulgados uma semana antes de começar no México uma reunião da ONU sobre clima que visa encontrar maneiras de os países chegarem a um acordo mais rígido para frear as emissões de gases-estufa.

Canadell também disse que os novos dados e a diminuição da derrubada das florestas tropicais mostram que as emissões resultantes do desmatamento diminuíram, compondo hoje 10 por cento da emissão total de gases estufa. Em estudos anteriores, representavam entre 12 e 17 por cento.

Cientistas dizem que a elevação do nível de CO2 -- o principal gás causador do efeito estufa -- devido à queima de combustíveis fósseis e ao desmatamento está aquecendo o planeta.

Canadell disse à Reuters por telefone desde Canberra, na Austrália, que as emissões resultantes da queima de combustíveis fósseis estão projetadas para aumentar mais de 3 por cento em 2010 se o crescimento econômico seguir a curva prevista. Isso marcará um retorno aos índices de aumento altos de 2000-2008, disse ele.

"Esse tipo de índice de aumento indica que estamos ultrapassando rapidamente a meta de aquecimento de até 2 graus Celsius", disse ele, aludindo ao nível além do qual, dizem cientistas, o mundo passa a correr o risco de sofrer mudanças climáticas "perigosas".

Por David Fogarty