terça-feira, 3 de agosto de 2010

Um em cada quatro adolescentes paulistas está acima do peso, diz pesquisa

Uma pesquisa realizada com estudantes da cidade de São Paulo indicou que os adolescentes estão com o Índice de Massa Corporal (IMC) acima dos parâmetros internacionais, e que os meninos estão mais obesos que as meninas. No total, 25,56% dos adolescentes estão com sobrepeso ou obesidade, sendo que a prevalência deste quadro em escolas públicas é de 23,13% e nas escolas particulares é de 33,2%. O estudo foi feito com 8020 adolescentes entre 10 e 15 anos, alunos de 43 escolas públicas e privadas de cinco regiões da cidade de São Paulo.
Segundo a pesquisadora Maria Aparecida Zanetti Passos, do Centro de Atendimento e Apoio ao Adolescente da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), a obesidade atinge uma população cada vez mais jovem e é grande o número de adolescentes brasileiros com IMC acima do percentil 95, sendo que entre 85 e 95 é considerado sobrepeso e a partir de 95 já se atingiu nível de obesidade.
No total, 9,89% dos alunos entrevistados são obesos; 15,67% apresentam sobrepeso; e 2,77% estão abaixo dos parâmetros ideais. Uma vez que tanto sobrepeso e obesidade, quanto o nível abaixo do considerado saudável são desvios nutricionais, foi possível concluir que 28,33% dos adolescentes apresentam algum tipo de problema.
Entre os meninos, 27,80% são obesos ou estão com sobrepeso. No universo das escolas particulares, 21% deles apresentam sobrepeso e 18% já estão em nível de obesidade. Esses índices caem um pouco quando é analisado o grupo das escolas públicas, onde 14% dos meninos estão com sobrepeso e 10% com obesidade.
“A vida moderna e o sedentarismo criaram hábitos alimentares que causam esses resultados. Hoje, o aluno vai para a escola com dinheiro e as lanchonetes disponibilizam uma quantidade enorme de frituras, refrigerantes e outros alimentos calóricos. O adolescente está sempre com um refrigerante ou um salgadinho na mão”, avalia Maria Aparecida. E completa: “Mesmo em casa, a falta de tempo e a praticidade dos congelados e semi-prontos, além de consumo excessivo de alimentos ricos em açúcares e gorduras, favorecem que a alimentação das famílias seja desequilibrada”.
A obesidade atinge também 8,12% das meninas avaliadas que, somadas às 15,57% com sobrepeso, representam 23,69% da população feminina da pesquisa. Quando separadas por grupos, nas escolas particulares 20% delas têm sobrepeso e 8% são obesas. Nas escolas públicas, 15% estão com sobrepeso e 8% com obesidade.
Os dados, coletados entre 2003 e 2004, foram publicados em 2010 com a distribuição do IMC em percentis comparada com parâmetros internacionais, o que comprovou que os níveis no Brasil estão acima da média.
O grupo foi avaliado de acordo com seu estado nutricional; levantamento de dados antropométricos como relação de medidas entre cintura e quadril, circunferência de braços; peso; e questionário sobre hábitos alimentares e sedentarismo. “O resultado direto, mesmo que não tenhamos exames clínicos, indica que já temos uma parcela da população apresentando distúrbios”, avalia Maria Aparecida.
A próxima etapa do trabalho será iniciada no mês de agosto, quando o sub-grupo dos mesmos adolescentes que apresentaram sobrepeso e obesidade voltarão a ser analisados. O acompanhamento incluirá um estudo longitudinal desta população e contará com levantamento de histórico familiar de saúde, do período de amamentação e alimentação na primeira infância e aplicação de exames bioquímicos como colesterol, triglicérides, insulina, glicemia e pressão arterial. O objetivo é apontar a evolução dos quadros destes adolescentes.