EGITO - Da mesquita do outro lado da rua, as palavras dos megafones nos minaretes ecoavam pelo pequeno apartamento onde Maher Ahmad El-Mo’otahssem Bellah El-Gohary é obrigado a se esconder. Logo após as orações da tarde, inicia-se o sermão, que trata, em parte, sobre como lidar com os cristãos.Não os cumprimente. Não entrem na casa deles. Não comam a comida que eles lhes derem”, declarava um iman, enquanto El-Gohary, ex-muçulmano, olhava pela janela e balançava sua cabeça.“Um dia, espero morar em um lugar onde não haja mesquitas. De quantos megafones eles precisam?”, diz ele.Há quase dois anos, El-Gohary e sua filha adolescente são obrigados a se esconder porque ele abandonou o islamismo e se converteu ao cristianismo. Durante esse tempo, ele foi agredido, preso, e sua filha foi atacada. Ele tem que lidar com ameaças de morte, pobreza e tédio.Questionado sobre o que o ajuda a enfrentar a constante pressão de viver em fuga, El-Gohary disse que ele quer mostrar ao mundo como os cristãos são tratados no Egito.“Minha maior força é a vontade de mostrar para as pessoas a terrível perseguição que os ex-muçulmanos e cristãos enfrentam aqui, e que a perseguição acontece há 1.400 anos.”Quando foi feita a mesma pergunta para Dina Maher Ahmad Mo’otahssem, sua filha de 16 anos, ela começou a chorar, e disse: “Deus”.Mesmo com tantas dificuldades, a dedicação de El-Gohary e sua filha parece estar firme. Eles disseram que nunca se arrependeram de se tornar cristãos.El-Gohary afirma que um dia, ele será vitorioso.“Legalmente, minha situação terá que mudar. Eu não fiz nada ilegal.”Dina não está tão segura. Ela diz que não tem futuro no Egito, e espera se mudar para um lugar onde pode ter acesso à educação.Não importa o que aconteça, El-Gohary e sua filha estão preparados para viver escondidos o tempo que for necessário. “Há dias que eu fico abatida e choro, mas não vou desistir”, afirma Dina. “Eu não vou voltar para o islamismo”.
Missão Portas Abertas