segunda-feira, 21 de junho de 2010

Cérebro de adultos com anorexia nervosa também sofre modificações


Pesquisadores americanos indicam que o volume cerebral que, em pessoas diagnosticadas com anorexia nervosa, normalmente tem sua massa reduzida, pode com o tempo voltar ao tamanho normal. A pesquisa, publicada no periódico International Journal of Eating Disorders, mostra que o tratamento de pacientes com transtornos alimentares pode reverter essa perda de massa e isso pode se refletir na melhora do organismo.
A anorexia nervosa é um transtorno alimentar sério, em que o indivíduo perde massa corporal por conta de uma restrição intensa do consumo alimentar. Os resultados da fome autoinfligida afetam todo o organismo, incluindo o cérebro, que diminui sua massa. Até agora não era claro para os pesquisadores se seria possível reverter esse efeito nem qual o tratamento ideal a ser administrado.
“A anorexia nervosa causa danos graves à saúde de todo o organismo, incluindo o cérebro”, explica Christina Roberto, da Universidade de Yale, EUA. “No nosso estudo nós medimos as variações de tamanho e os déficits causados no cérebro de pessoas com esse transtorno, para avaliar se o declínio cognitivo seria reversível, especialmente pela restauração do peso original com métodos de intervenção em curto prazo.”
A equipe de pesquisadores, que contou com profissionais do Centro de Transtornos Alimentares da Universidade de Columbia, também nos EUA, fez imagens dos cérebros de 32 mulheres adultas com anorexia nervosa, assim como de um grupo de mulheres saudáveis.
Os dados mostraram que mulheres com anorexia nervosa e que estavam em situação de fome extrema tinham uma diminuição da massa cinzenta do cérebro. Quanto mais tempo sofrendo com o transtorno, menor o volume cerebral.
“A boa notícia é que mulheres que estavam em recuperação e voltando ao peso normal também tiveram uma reversão no processo de diminuição da massa cinzenta. Isso sugere uma ligação entre a fome extrema e o volume cerebral, tanto do ponto de vista negativo quanto positivo”, explica Roberto.
A pesquisadora indica, porém, que ainda é necessário entender melhor esse problema. “Ainda não sabemos que outras implicações clínicas esse processo reflete. Não é claro, por exemplo, quais os impactos no funcionamento do cérebro e quais as regiões específicas do cérebro são atingidas pelo processo de emagrecimento extremo.”
Outra questão é saber se esses déficits observados também estão ligados ao modo como as pacientes respondem ao tratamento, por exemplo, observam os pesquisadores. Esses resultados podem implicar em melhores formas de tratar o transtorno e indicar a severidade do processo de anorexia nervosa pela qual os indivíduos estão passando.