quarta-feira, 26 de maio de 2010

Jovens se sentem mais sós que idosos, diz pesquisa britânica


Uma pesquisa feita no Reino Unido revela que jovens se sentem mais solitários do que adultos com mais de 55 anos.
O levantamento, intitulado The Lonely Society (em tradução literal, a sociedade solitária), foi feito com 2.256 participantes.
Quase 60% dos ouvidos com idades entre 18 e 34 anos disseram que sentem solidão com frequência ou às vezes. O número cai para 35% entre entrevistados com 55 anos ou mais.
A pesquisa revela também que a tecnologia pode acentuar o isolamento, mas também oferece meios de conectar as pessoas sem precedentes na história.
Quase terço dos jovens entrevistados disseram que passam tempo demais se comunicando com a família online quando na verdade deveriam encontrá-los em pessoa.
O impacto biológico dessa ausência de contato pessoal não está claro.
Interpretação de solidão
O estudo destaca o fato de que a proporção de pessoas vivendo sozinhas na Grã-Bretanha dobrou entre 1972 e 2008.
De acordo com a Mental Health Foundation, entidade britânica que encomendou a pesquisa, em geral um décimo da população do Reino Unido sente solidão com frequência.
A organização indica o declínio na vida comunitária e o foco cada vez maior no trabalho como possíveis explicações para o problema.
É possível, porém, que pessoas de idades diversas tenham interpretações distintas do que seja solidão. Além disso, a pesquisa não faz distinções entre depoimentos de pessoas com 55 anos vivendo vidas ativas e desfrutando da aposentadoria e os relatos de octogenários que vivem sozinhos e tem saúde frágil.
O relatório também constatou variações de acordo com o sexo do entrevistado.
Mais mulheres disseram sentir solidão do que homens. As mulheres também apresentaram maior tendência a sentir-se deprimidas como resultado disso.
'Vilas Urbanas'
"Os jovens com quem trabalhamos frequentemente nos dizem que falar com centenas de pessoas em sites de relacionamento não é como ter um relacionamento real e que quando usam esses sites frequentemente estão sozinhos em seus quartos", disse a diretora da entidade beneficente britânica YoungMinds, Sarah Brennan, comentando a pesquisa.
"A solidão é um problema grande que precisamos começar a resolver. Nos últimos anos, nossas comunidades foram se desintegrando.”
“Precisamos criar condições para que esses relacionamentos voltem a existir e investir no bem-estar dos nossos jovens para que tenham algum lugar para ir ou alguém a quem procurar quando sentirem solidão."
O relatório sugere, no entanto, que a solidão pode ser evitada mesmo quando se vive sozinho na cidade grande.
"Por exemplo, em Manhattan, Nova York, 50% dos lares são habitados por uma única pessoa", dizem os autores do estudo. "Ainda assim, o modelo de 'vila urbana' permite redes sociais porque as pessoas usam lugares alternativos para se encontrar, como cafés e espaços públicos."

Clare Murphy