Novas tecnologias prometem dar um basta ao incômodo que atinge quase um terço da população, especialmente aqueles na faixa entre 20 e 30 anos. Saiba tudo o que é possível fazer para acabar com essa dorzinha inconveniente e sorrir aliviado
É quase como levar um choque. Ao menor contato dos dentes com uma superfície gelada ou quente demais, a dor dá um susto no dono da boca, que refuga antes de concluir a mordida. Estima-se que essa reação, chamada pelos especialistas de hipersensibilidade dentinária, atinja mais de 50 milhões de pessoas no Brasil. E é bem provável que você já tenha visto por aí produtos que anunciam eliminar o desconforto. “Existe uma grande variedade de tratamentos, e nenhum deles, sozinho, se mostrou completamente eficiente até hoje”, observa Álvaro Francisco Bosco, professor de periodontia da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (Unesp), em Araçatuba, no interior de São Paulo. Isso pode mudar. No último Congresso Internacional de Odontologia de São Paulo, que acabou de acontecer, a marca Colgate apresentou sua nova aposta para dar cabo do transtorno: o creme dental Sensitive Pro- Alívio (veja como ele funciona no infográfico abaixo). “Diferentemente de outros cremes disponíveis no mercado, que apenas amenizam a sensibilidade, ele cria uma barreira duradoura de proteção sobre os dentes”, explica Cassiano Rösing, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, que participa das avaliações do produto. Segundo Rösing, os estudos apontam uma redução imediata dos sintomas e, após quatro semanas, um aumento de 170% de tolerância à pressão, outro estímulo que costuma causar dor em quem tem excesso de sensibilidade. Apesar de ser promissora, de tão recente a fórmula do dentifrício ainda não teve tempo de cair no gosto dos profissionais que tratam pacientes com dentes sensíveis. “Ela parece funcionar, mas precisamos testá-la no consultório”, pondera Maurício Miranda de Carvalho, da Sociedade Brasileira de Odontologia. Ele ressalta que a sensibilidade é provocada por múltiplos fatores, como inflamações na gengiva, escovação incorreta, refluxo gastroesofágico e, em alguns casos, desgastes originados por mordida inadequada. “É muito bom ter algo novo que traz alívio ligeiro, mas é sobre essas causas que devemos agir”, acrescenta. Muitas vezes, o tempo se encarrega de abrandar essas dores de dente e até dar sumiço nelas. “A tendência é que pessoas mais velhas não sintam tanto incômodo, porque o próprio organismo vai fechando os túbulos dentinários, lentamente”, explica Camila Tirapelli, professora de clínica integrada da Faculdade de Odontologia de Ribeirão Preto, da Universidade de São Paulo. Mas, como o processo é vagaroso e ninguém quer viver com dor de dente até lá, vale conversar com seu dentista sobre os tratamentos disponíveis. Alguns recursos ainda estão sendo estudados, como o uso de materiais bioativos, que ajudam o corpo a formar tecido mineral sobre a dentina. Outra promessa é o laser de alta potência, bastante usado em procedimentos cirúrgicos. Veja o que é possível fazer hoje, no dentista e em casa, para se livrar da hipersensibilidade.
É quase como levar um choque. Ao menor contato dos dentes com uma superfície gelada ou quente demais, a dor dá um susto no dono da boca, que refuga antes de concluir a mordida. Estima-se que essa reação, chamada pelos especialistas de hipersensibilidade dentinária, atinja mais de 50 milhões de pessoas no Brasil. E é bem provável que você já tenha visto por aí produtos que anunciam eliminar o desconforto. “Existe uma grande variedade de tratamentos, e nenhum deles, sozinho, se mostrou completamente eficiente até hoje”, observa Álvaro Francisco Bosco, professor de periodontia da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (Unesp), em Araçatuba, no interior de São Paulo. Isso pode mudar. No último Congresso Internacional de Odontologia de São Paulo, que acabou de acontecer, a marca Colgate apresentou sua nova aposta para dar cabo do transtorno: o creme dental Sensitive Pro- Alívio (veja como ele funciona no infográfico abaixo). “Diferentemente de outros cremes disponíveis no mercado, que apenas amenizam a sensibilidade, ele cria uma barreira duradoura de proteção sobre os dentes”, explica Cassiano Rösing, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, que participa das avaliações do produto. Segundo Rösing, os estudos apontam uma redução imediata dos sintomas e, após quatro semanas, um aumento de 170% de tolerância à pressão, outro estímulo que costuma causar dor em quem tem excesso de sensibilidade. Apesar de ser promissora, de tão recente a fórmula do dentifrício ainda não teve tempo de cair no gosto dos profissionais que tratam pacientes com dentes sensíveis. “Ela parece funcionar, mas precisamos testá-la no consultório”, pondera Maurício Miranda de Carvalho, da Sociedade Brasileira de Odontologia. Ele ressalta que a sensibilidade é provocada por múltiplos fatores, como inflamações na gengiva, escovação incorreta, refluxo gastroesofágico e, em alguns casos, desgastes originados por mordida inadequada. “É muito bom ter algo novo que traz alívio ligeiro, mas é sobre essas causas que devemos agir”, acrescenta. Muitas vezes, o tempo se encarrega de abrandar essas dores de dente e até dar sumiço nelas. “A tendência é que pessoas mais velhas não sintam tanto incômodo, porque o próprio organismo vai fechando os túbulos dentinários, lentamente”, explica Camila Tirapelli, professora de clínica integrada da Faculdade de Odontologia de Ribeirão Preto, da Universidade de São Paulo. Mas, como o processo é vagaroso e ninguém quer viver com dor de dente até lá, vale conversar com seu dentista sobre os tratamentos disponíveis. Alguns recursos ainda estão sendo estudados, como o uso de materiais bioativos, que ajudam o corpo a formar tecido mineral sobre a dentina. Outra promessa é o laser de alta potência, bastante usado em procedimentos cirúrgicos. Veja o que é possível fazer hoje, no dentista e em casa, para se livrar da hipersensibilidade.
NO CONSULTÓRIO
Nos últimos anos, o laser de baixa potência surgiu como uma alternativa na redução da hipersensibilidade. É que esse feixe de luz tem ação analgésica e anti-inflamatória, além de acelerar a deposição de dentina. O efeito é super-rápido: na primeira aplicação já se nota a diferença. “A gente só não sabe como é o efeito a longo prazo”, ressalta Camila Tirapelli. Quando a hipersensibilidade é provocada pela retração da gengiva e a raiz dos dentes fica exposta, dá para fazer uma cirurgia de recobrimento, para colocar a gengiva no lugar de onde não deveria ter saído. O porém é o pós-operatório, que pode ser um tanto doloroso. Sem contar que, dependendo do que causou o deslocamento da gengiva, ela poderá se retrair de novo. Outros dois procedimentos se destacam no arsenal dos dentistas contra a dor dos dentes sensíveis. Um deles, mais simples, é a aplicação de géis e vernizes com flúor, mineral que ajuda na remineralização dentária. Em alguns casos, no entanto, é necessário recorrer à restauração, que cria uma barreira de resina ou de outro material no local exposto. Quando feita corretamente, é a técnica que afasta as dores por mais tempo. “Ela é uma boa opção, principalmente se, além de haver desgaste do colo do dente, a integridade da polpa e a estética estão comprometidas”, diz Álvaro Francisco Bosco, da Unesp.
FAÇA VOCÊ MESMO
Eis a prova dos efeitos de uma alimentação ácida sobre os seus dentes: deixe um osso de frango dentro de um copo de refrigerante por algumas horas. Quer saber o que irá acontecer? O osso ficará mole, mole, porque a acidez da bebida leva a uma erosão. O mesmo pode acontecer com seus dentes se você fizer opções, digamos, mais ácidas. “A dieta influencia à beça no surgimento da hipersensibilidade”, alerta a professora Maria Ângela Pita Sobral, da Universidade de São Paulo, que se especializou na área de dentística. Portanto, evitar o refrigerante é um passo para o alívio. Quanto às famosas pastas dessensibilizantes, a eficácia delas varia — pergunte a duas pessoas sobre sua experiência e não se espante se as respostas forem divergentes. Mas o fato é que há uma gama de produtos nas farmácias e supermercados. A maioria contém nitrato ou citrato de potássio, que bloqueiam o estímulo nervoso da dor. “O ideal seria o dentista recomendar qual é o creme apropriado a cada paciente, conforme a formulação, que sempre pode variar um pouco”, orienta Maria Ângela. Outra maneira de prezar pela saúde dos seus dentes é escová-los de maneira adequada (veja como no quadro à direita) e fazer bochechos com enxaguatórios que contêm flúor. Quanto mais forte a dentição estiver, menos desgastes — e menos dor — sofrerá.
POR PAULA DESGUALDO