segunda-feira, 26 de abril de 2010

Marcapasso cerebral pode ser útil para recuperação de movimento após derrame

Em pesquisas com ratos, dispositivos implantados no cérebro para estimulação de certas áreas podem ajudar na recuperação de movimentos após um AVC (Acidente Vascular Cerebral), popularmente conhecido como derrame. A técnica, conhecida como estimulação cerebral profunda, funciona como uma espécie de marcapasso e já vem sendo utilizada com sucesso em pacientes com Parkinson.
Os resultados foram obtidos pelo cirurgião neurológico brasileiro André Machado, que atualmente lidera o Centro de Restauração Neurológica da Cleveland Clinic, em Ohio, nos EUA. Ele é um dos especialistas que vieram a São Paulo para multiplicar experiências no 1º Simpósio Internacional de Terapia Intensiva Neurológica, realizado neste sábado (24) no Hospital Israelita Albert Einstein.
No ano passado, Machado ganhou um prêmio concedido pelos Institutos Nacionais de Saúde (NIH, na sigla em inglês) por um trabalho sobre estimulação cerebral profunda no tratamento de um tipo de dor comum a certos pacientes que sofreram AVC. Pesquisas em humanos com essa finalidade estão em andamento em Cleveland.
Já a aplicação dos marcapassos cerebrais no tratamento da paralisia ainda está na fase de estudos com animais. “Os resultados são positivos, mas ainda devem ser corroborados antes que a técnica comece a ser testada em humanos”, afirma o cirurgião. "A recuperação não é completa, mas há uma melhora grande em relação ao padrão anterior", esclarece.
Avanços
Outro participante do simpósio é o neurocirurgião Peter Rasmussen, chefe do Centro de Doenças Cerebrovasculares do Instituto Neurológico da Cleveland Clinic, que abordará os avanços no tratamento do AVC isquêmico (quando um coágulo obstrui o fluxo em uma artéria) em sua fase aguda.
Um dos maiores avanços nessa, área, segundo ele, é um dispositivo que funciona como uma espécie de aspirador do coágulo e permite uma desobstrução da artéria de cerca de 80%
O médico também ressalta a importância de um sistema coordenado para o atendimento do paciente com AVC, “que começa com a educação das pessoas para que os sintomas sejam detectados e a pessoa seja levada imediatamente ao hospital”. Isso porque as terapias só geram bons resultados se aplicadas nas primeiras horas após o evento.
Também é fundamental, diz ele, que os centros médicos e hospitais comunitários estejam preparados para encaminhar a vítima rapidamente para um centro especializado.
Os principais sintomas de um derrame são fraqueza ou perda de sensibilidade em um lado do corpo, perda de capacidade de falar com clareza, tontura e dor de cabeça forte e repentina.
Da Redação